sábado, 3 de agosto de 2013

O homem que não se irritava


Recebi este texto por mail, ao qual se acrescentava no final a respectiva  Moral da História, que retirei.
Achei um texto curioso.



O HOMEM QUE NÃO SE IRRITAVA

 
« Havia um homem que não se irritava e não discutia com ninguém. Sempre encontrava saída cordial, não feria a ninguém, nem se aborrecia com as pessoas. Morava em modesta pensão, onde era admirado e querido.
Para testá-lo, um dia seus companheiros combinaram levá-lo à irritação e à discussão numa determinada noite em que o levariam a um jantar.
Trataram todos os detalhes com a garçonete que seria a responsável por atender a mesa reservada para a ocasião. Assim que iniciou o jantar, como entrada foi servida uma saborosa sopa, de que o homem gostava muito.
A garçonete chegou próximo a ele, pela esquerda, e ele, prontamente, levou seu prato para aquele lado, a fim de facilitar a tarefa.
Mas ela serviu todos os demais e, quando chegou a vez dele, foi embora para outra mesa.
Ele esperou calmamente, e em silêncio, que ela voltasse. Quando ela se aproximou outra vez, agora pela direita, para recolher o prato, ele levou outra vez seu prato na direção da jovem, que novamente se distanciou, ignorando-o.
Após servir todos os demais, passou rente a ele, acintosamente, com a sopeira fumegante, exalando saboroso aroma, como quem havia concluído a tarefa, e retornou à cozinha.
Naquele momento não se ouvia qualquer ruído. Todos observavam discretamente, para ver a reação dele.
Educadamente ele chamou a garçonete, que se voltou, fingindo impaciência, e lhe disse:

- O que o senhor deseja?
Ao que ele respondeu, naturalmente:

- A senhora não me serviu a sopa.
Novamente ela retrucou, para provocá-lo, desmentindo- o:

- Servi, sim, senhor!
Ele olhou para ela, olhou para o prato vazio e limpo e ficou pensativo por alguns segundos... Todos pensaram que ele iria brigar...
Suspense e silêncio total.
Mas o homem surpreendeu a todos, ponderando tranquilamente:

- A senhorita serviu, sim, mas eu aceito um pouco mais! »



 
Adélio Sarro
(Retirado da Net)
 
 

16 comentários:

  1. Como gostaria de ser assim, tão cordata e sem nunca me irritar. :)))
    Tão gira esta ideia.
    Do pintor gosto bastante e a tua escolha é sublime.
    Beijinho. :))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Ana, gosto de te ver de regresso!

      Eu também gostava de ser assim tão calma, e nunca me zangar, mas ainda tenho muito que caminhar para chegar a esse estádio!

      Um beijinho e bom domingo!

      Eliminar
  2. A frase "- O que o senhor deseja?", denuncia a proveniência brasileira da história, que é bem interessante.
    Boa noite!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Foi uma amiga brasileira que me mandou o mail. Ainda pensei "arranjá-lo", mas depois apenas coloquei aspas e deixei-o ficar como recebi.

      Gostei da história, que revela uma forma de agir, inteligente.

      Desejo-lhe um bom domingo!

      Eliminar
  3. Presença de espírito, como se costuma dizer. Normalmente, só nos lembramos que poderíamos ter tido reações destas depois de passadas as situações.
    Bom dia!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade! E depois fica-se mais arreliada! Eu fico!
      Mas realmente discutir, brigar...não leva a nada.

      Bom domingo, MR!

      Eliminar
  4. Eu tenho uma admiração enorme pelos orientais porque conseguem ser assim. Eu vou tentando, mas é bem difícil... E na mentalidade tacanha que nos rodeia, ser assim é muitas vezes ser considerado ingénuo,ou parvo.
    Mas na realidade, ser assim é a melhor maneira de preservar a saúde mental e mesmo física.
    Beijinho,Isabel

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo contigo, Manuel.
      Nós somos um povo com a "cultura do chico-espertismo" que não leva desaforos para casa. E proceder doutra maneira é burrice.
      Eu prefiro ser doutra maneira. Gostava de chegar a esta forma de ser do "Homem que nunca se irritava", mas não é fácil.

      Foi uma agradável surpresa ver-te por aqui. Obrigada pela visita.
      Um beijinho e boa semana.

      Eliminar
  5. Se te hei-de ser sincera, as pessoas que vão de perfeitas assustam-me um pouco, sinto-me mais cómoda com as que mostram os seus sentimentos.
    Gostei do quadro.
    Beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tu és engraçada, Maria!
      Eu creio que aqui não é propriamente perfeição, mas uma maneira de encarar a vida. Claro que é só uma história, mas eu gostava de conseguir ter esta calma.

      Quando falas que te assustam as pessoas perfeitas e que preferes que mostrem os seus sentimentos, parece-me que falas não de perfeição, mas de dissimulação. Quando as pessoas não mostram o que são, para aparentar perfeição, isso é falsidade, dissimulação. No caso da história o homem é assim e pronto! Mostra o que é!
      Bem, parece-me que é assim...

      Também gosto muito do quadro. Vi este pintor há pouco tempo num blogue conhecido, o Searas de Versos.

      Um beijinho grande, Maria!

      Eliminar
  6. Também não sei se conseguia ter esta calma... Dependia da disposição...
    Poderia brincar com a situação, ou não!!

    Mas que esta pessoa era muito fiel à sua maneira de ser, era!!
    Não sou tão previsível assim!!

    Adélio Sarro é genial...

    Um beijinho.:))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu estava a ler o texto e esperava um fim diferente. Pensei que ia terminar de forma trágica, que o homem se "passava" e agredia a rapariga, pelo menos verbalmente...afinal teve este fim inesperado e foi por isso que gostei do texto.

      Bem, há por aí umas pessoas que se passam e depois têm que pedir desculpa porque nem sequer tinham razão! Bolas! Agora já penso duas vezes (ou três) antes de refilar!
      Aposto que está a rir!

      Um beijinho grande.
      (Eu acho que a Cláudia não se zangava!)

      Eliminar
  7. Adivinhou!
    Estou a sorrir e até já sabe porquê!!:))

    Quanto a não me zangar, sinceramente não sei...
    Dependia muito da ocasião!

    Um beijinho.:))

    ResponderEliminar
  8. É uma história muito engraçada! Este homem que nunca se irritava só ganhava com isso, pois sabia controlar as suas emoções preservando assim a sua saúde física e mental. Os outros que o testaram puderam verificar que afinal aquele homem era o mais verdadeiro de todos eles. Era assim em todas as situações e não enganava ninguém. Gostei da história e também gostava de ser mais calminha.
    Um beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Parece-me que nem seria bem o controlar as emoções, mas que o homem era assim! Controlar, implica algum esforço e contrariar a nossa natureza, mas ele tinha aquela natureza. Parece-me...

      Eu gostava de conseguir chegar a essa forma de ser. Às vezes sou um bocado refilona, embora com a idade, se aprenda bastante a calma. Detesto discussões.

      Um beijinho, Maria Eduardo!

      Eliminar