segunda-feira, 30 de março de 2015

Não choreis por mim...

                                                                          
 
 
NÃO!
 
Não, não choreis por mim!
As lágrimas molham o caminho,
Que quero liso, macio, fino.
Sabeis, que vou cansada.
Sei, que não fui
Bandeira de nada, nem estrela de ninguém.
Não ergui tochas de traição, nem soube da cobiça do vento.
Não abracei a estrela polar, nem amarrei as ondas do mar.
Não apaziguei as tuas dores, nem as minhas soube abrandar.
Não, tantas coisas, nem, outras tantas.
Mas fui
Semente sem chão, terra humosa, fruto,
Esperança avaramente sustida,
No sonho que acalentei em ti.
Pedaço de lua, tua, palavra, poema,
Fraga enxertada no cimo do monte,
Luar de agosto, espiga vermelha, por ti desfolhada,
Em ti, madura.
Não. Não choreis por mim!
As lágrimas molham o caminho
Que preciso liso, fino, macio.
 
 
Maria José Carvalho Areal
Há dias que não sei de mim... pág.206
Chiado Editora
 

 
Myra Landau
 
 

domingo, 29 de março de 2015

Renascer


A vida a despontar na horta...
O calor que aconchega a terra e acorda as plantas do desconforto do Inverno.
Cantam as aves a alegria do sol que enternece e nos faz sentir mais vivos.
Tudo é perfeito e está em sintonia.
É este o poder da Natureza.

                                                                               







                                                                              
                                                                                      
BOM DOMINGO:)

quinta-feira, 26 de março de 2015

Ler

"Que visão tem do País neste momento?
Um barco no meio da tempestade, com os tripulantes às turras entre si (desculpa-se o vulgarismo), a maior parte dos passageiros a gritarem «Salve-se quem puder», e um deles, com pequeno grupo à volta, a dizer «Não tenham medo».

[...]

Mas o que liberta a sociedade da economia não é a racionalidade nem a técnica, mas o amor, o silêncio, a verdade, todas as artes, a compaixão pelos que sofrem, a solidariedade, o diálogo, a conjugação das diferenças. Quando se dá um sentido a estas realidades, ou seja quando estas abstrações se concretizam, também a liberdade humana encontra o seu sentido, sem temer nenhuma escravidão."

Palavras de José Mattoso na entrevista de Francisco José Viegas
Revista Ler nº137 de Março de 2015, pág.38

quarta-feira, 25 de março de 2015

Marcadores - LXIV

                                                                              
 
 
De cima para baixo:
Ernest Hemingway, Paris é uma Festa
Ernest Hemingway, O Adeus às Armas
John Steinbeck, O Inverno Do Nosso Descontentamento
John Steinbeck, As Vinhas Da Ira

 
 
 
De cima para baixo:
Virginia Woolf, Mrs Dalloway
Truman Capote, Música Para Camaleões
André Malraux, A Condição Humana
Ernest Hemingway, Na Outra Margem, entre as Árvores
 
 
John Steinbeck, A Pérola
 

 
 

                                                                           

segunda-feira, 23 de março de 2015

Alice


Fui ver O Meu Nome é Alice.
Gostei imenso do filme.
É assustador pensar que a vida pode mudar completamente, de um dia para o outro...

                                                                       

 
 
Uma arte
 
A arte de perder não é difícil de se dominar;
tantas coisas parecem cheias da intenção
de se perderem que a sua perda não é uma calamidade.
 
Perder qualquer coisa todos os dias. Aceitar a agitação
de chaves perdidas, a hora mal passada.
A arte de perder não é difícil de se dominar.
 
Então procura perder mais, perder mais depressa:
lugares e nomes e para onde se tencionava
viajar. Nenhuma destas coisas trará uma calamidade.
 
Perdi o relógio da minha mãe. E olha! a última, ou
a penúltima, de três casas amadas desapareceu.
A arte de perder não é difícil de se dominar.
 
Perdi duas cidades encantadoras. E, mais vastos ainda,
reinos que possuía, dois rios, um continente.
Sinto falta deles, mas não foi calamidade.
 
- Mesmo o perder-te ( a voz trocista, um gesto
que amo) não foi diferente disso. É evidente
que a arte de perder não é muito difícil de se dominar
mesmo que nos pareça (Toma nota!) uma calamidade.
 
Elizabeth Bishop
Geografia III, pág.63
Relógio D'Água



Carpe Diem


                                                                                   


( As fotos foram tiradas na exposição Ver Simplesmente de Tomás Monteiro )    
 
                                                                          

Literatura


"Os escritos são a descendência da alma, como as crianças a do corpo."
 
                                                                        Clemente de Alexandria
 
 

domingo, 22 de março de 2015

Tempo de Primavera

 
 O Primeiro dente-de-leão

Singelo, fresco e belo quando brota no fim do inverno,
Como se nenhum artifício da moda, negócios, política tivesse um dia
                         existido.
Surge do seu soalheiro recanto entre a erva abrigada - inocente, dourado,
                         sereno como a aurora,
O primeiro dente-de-leão primaveril que mostra o seu rosto confiante.


Walt Whitman
Folhas de Erva Vol.II, pág.875
Relógio D'Água

                                                                           
 
Não são dente-de-leão
não!
Como se chamarão?!...
 

sábado, 21 de março de 2015

Esperado retorno...



Primavera

Das flor's primeiras o perfume aspiro...
É Primavera, dizem! Derradeira,
a chuva molha ainda o ar...
                                           Mas tiro
de sobre mim a solidão: e inteira
renasce a luz!

                      Um pássaro atravessa
o céu do nosso espírito a cantar...
E eis a primeira rosa, a única promessa
que nos abriu os olhos e nos fez olhar!

António Salvado
Jardim do Paço, pág.21

                                                                      
 
 
 

sexta-feira, 20 de março de 2015

Porto seguro

                      
                                                       
 
"...fica em casa, coração meu,
e sossega."
 
Henry Wadsworth Longfellow
( 1807 - 1882 )
 
 

quinta-feira, 19 de março de 2015

Um dia...

 
Pai
 
Vida fora muito correste
Passo lento, certo, seguro
Nunca foste uma alma errante
Eras fácil de encontrar
E agora que já morreste
De ti digo e asseguro
Nem todo o bom mareante
Se encontra no alto mar
 
Agora és rio
És calma
Nada te fere ou ofende
Já não tens frio
É branca e pura
A brisa que afaga a tua alma
E te acaricia com doçura
Transparente
 
Já nada nos separa
Aguarda por mim
Tranquilamente
És eterno
Eu estou só de passagem
 
Vou ter contigo
Repara
E nesse dia, por fim
Espera por mim
E, enquanto o relógio não para
Guarda-me um lugar para a viagem.
 
José Magalhães
 
  
Trouxe este belíssimo poema daqui:


  http://aviagemdosargonautas.net/2015/02/28/imagem-e-poesia-por-jose-magalhaes-9/


 
 

segunda-feira, 16 de março de 2015

Introspecção

                                                
 
 
"Ando sem destino e convido a minha alma..."
 
Walt Whitman ( 1819 - 1892)
 

domingo, 15 de março de 2015

Leituras - Stoner

Acabei de ler Stoner.

"Um dos grandes romances esquecidos do século passado." - Colum McCann
 
A história de William Stoner, um homem que nasceu para ser agricultor e continuar a actividade dos pais, mas que o acaso levou até à universidade, onde acabou por descobrir o poder dos livros. Foi neles que sempre se refugiou ao longo de uma vida, cujos acontecimentos, alegrias e tristezas, foi aceitando sempre, sem alaridos, vivendo-a com uma passividade desconcertante.

Stoner às vezes comove-nos, outras vezes irrita-nos com a sua passividade perante as situações. Ficamos felizes com o que de bom lhe acontece e tristes com as situações dramáticas às quais ele não reage, apenas aceita, com um conformismo desesperante para o leitor.
Simpatizei com Stoner tanto quanto antipatizei com Edith, a mulher que lhe foi roubando, com a sua permissão, tudo o que lhe trazia alguma  felicidade.

Gostei muito deste romance, que me entusiasmou, como há muito não me entusiasmava a leitura de um livro.

                                                                                 
 
"O Stoner do título é o protagonista deste romance - um obscuro professor de literatura, que até ao dia da sua morte dá aulas numa universidade do interior. A sua vida brevemente descrita nos dois primeiros parágrafos do romance, oferece um triste obituário. O que se segue, numa prosa precisa, despojada, quase cruel, é uma sucessão de fracassos de uma personagem que perde quase tudo - menos a entrega incondicional à literatura."
...
"Na era da hipercomunicação, Stoner devolve-nos o sentido da intimidade, deixa-nos a sós com aquele homem tristonho, de vida apagada. Fechamos a porta e partilhamos com ele o empolgamento literário: sabendo, tal como ele, que nos restará sempre o consolo da literatura."
 
(Retirado da contracapa do livro)
 
 
"No verão de 1937, sentiu  renovar-se a velha paixão pelo estudo e pelo saber, e com o curioso e incorpóreo vigor do estudioso, que não é condição nem da juventude nem da velhice, regressou à única vida que não o traíra. Descobriu que não se afastara muito dela, nem sequer no seu desespero." (pág.203)
...
"Stoner tinha de admitir que se tornara, aos olhos dos leitores mais jovens e dos alunos mais velhos, que pareciam ir e vir antes de ele conseguir associar os nomes às caras, uma figura quase mítica, por mais instável e variada que fosse a função dessa figura." (pág.212)
...
"...foi assolado por uma espécie de apatia, embora soubesse que era um sentimento composto por emoções tão profundas e intensas que não podiam ser reconhecidas, sob pena de não se poder viver com elas." (pág.225)
...
"Depois, sorriu com ternura, como perante uma recordação. Pensou que tinha quase sessenta anos e que devia estar para lá da força de uma tal paixão, de um tal amor.
Mas não estava, sabia que não estava e que nunca estaria. Debaixo da dormência, da indiferença, do distanciamento, ali estava a paixão, intensa e firme; sempre ali estivera.
[...]
Olha! Estou vivo." (pág.231)
 

sábado, 14 de março de 2015

Essência

                                                         
 
 
"A serenidade não é frivolidade nem complacência, é o mais elevado conhecimento e amor, a afirmação de que a realidade se encontra desperta, à beira de todas as profundezas e abismos. A serenidade é o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte."
 
Hermann Hesse (1877- 1962)
 

sexta-feira, 13 de março de 2015

Gato dorminhoco :)


Gato dorminhoco
Estendido ao solheiro
Indiferente a quem passa

Que vida tão calma
Que eu até te invejo

És dono de ti
E do tempo, todo

Quero ser um gato:)

                                                                         

 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Retalhos...


Estavam assim, dia 7 (sábado) as magnólias vizinhas...

                                                                       



 
 
 
...e hoje...
 
 
                                                                                   


 

 
 
"Uma vida feliz faz-se menos de grandes acontecimentos do que de pequenos e encantadores momentos."
 
Maya V. Patel
 

quarta-feira, 11 de março de 2015

Fotógrafos de guerra


Fui ver "Mil Vezes Boa Noite" , um filme que conta a história de Rebecca, uma fotógrafa de guerra e de cenários de conflitos.
Casada e com duas filhas, chega a altura, em que tem que escolher entre continuar a fotografar ou ficar com a família.
Fotografar e tentar acordar consciências com as suas fotos ou ficar com a família que vive permanentemente o medo de a perder?

Um filme excelente!

 
                                                                     

segunda-feira, 9 de março de 2015

Leituras - Frida Kahlo: Viva la Vida!

Um pequeno livro de cerca de 60 páginas.
Lê-se num instante.
Seria interessante ver o monólogo representado, em palco.

                                                                                   
 
Fotografia da capa de Meinolf  Koessmeier
Laura de Ita interpretando o papel de Frida Kahlo
 
 
      «Escrito pelo mexicano Humberto Robles, o monólogo "Frida Kahlo - Viva la Vida!" tem emocionado audiências por todo o mundo desde a sua estreia em 2001.
      Uma das mais importantes pintoras de sempre, Frida Kahlo teve uma existência curta e marcada pelo sofrimento. Uma sobrevivente por natureza e destino, cedo aprendeu a aproveitar cada momento da vida com alegria.
      "Frida Kahlo - Viva la Vida!" é, acima de tudo, um retrato autêntico e comovente do lado mais humano e íntimo desta mulher. Um marido infiel, as dores crónicas na perna e coluna, as deformidades físicas e a incapacidade de ser mãe são os aspectos trágicos de uma vida retratada num texto maravilhosamente único.»
 
Retirado da contracapa do livro
 

Heróis

                                                                       
 
José Alberto Mujica Cordano, "Pepe"
Retirado da capa da revista do Expresso de 7 de Março de 2015
 
 
"Quis simplesmente continuar a viver como vivia dantes.
[...]
É uma maneira de ver a vida. Eu defino que a liberdade humana, do ponto de vista individual, é ter tempo para gastar nas coisas que nos gratificam. Sou um inimigo da sociedade de consumo, e sou amigo da sobriedade, de viver com pouco. Não porque seja um retraído solitário. Não! Tenho pouco apego material, porque isso me garante ter tempo para me dedicar ao que mais me realiza. Se complico a vida, tenho um casarão, vários carros e fico desesperado pelo trabalho que vou ter, tenho que me preocupar com tudo isso. Não! Quero ser pródigo em liberdade, e desprendido das coisas materiais. Não quero que me escravizem.
[...]
Não é possível que as questões materiais nos afastem das questões essenciais. Para ter filhos, é preciso tempo para os filhos. Para ter amor, é preciso tempo para o amor. E para ter amigos, é preciso tempo para o punhado de amigos. Simplesmente tempo! Se não, não se pode ter. E o que é mais importante do que isso?
[...]
As dores, os sofrimentos, quando não destroem, naturalmente deixam ensinamentos."
 
São palavras de "Pepe" Mujica, retiradas da entrevista publicada na revista do Expresso, e que vale a pena ler.
 
                                                                                   

domingo, 8 de março de 2015

No dia Internacional da Mulher



 
 
                                                                         

sábado, 7 de março de 2015

Parabéns MR :)


Com votos de um dia muito feliz :)

                                                                            
 
 
 
                                            

quarta-feira, 4 de março de 2015

Tranquilidade

                                                                                       
                                                                                


 
 
  Ficar sentado à sombra, num belo dia, a olhar para a vegetação, constitui o mais perfeito repouso.
 
Jane Austen (1775 - 1817)


 
Único retrato original de Jane Austen,
 aguarela, feita pela irmã Cassandra Austen, 1810
( Retirado da net)
 
 
 
Retrato a óleo de Jane Austen,
feito em 1875, de autor desconhecido, baseado na aguarela feita pela irmã
( Retirado da net)
 

domingo, 1 de março de 2015

Elogio do silêncio


                                                                                  



 
 
 
 
O Silêncio é mais melodioso que qualquer canção.
 
Christina Rossetti (1830- 1894)
 
 
 
 
Retrato de Christina Rossetti,
feito pelo irmão Dante Gabriel Rossetti
(retirado da Wikipédia)