sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Para sempre

    " É o teu rosto que encontro. Contra nós, cresce a manhã, o dia, cresce uma luz fina. Olho-te nos olhos. Sim, quero que saibas, não te posso esconder, ainda há uma luz fina sobre tudo isto. Tudo se resume a esta luz, fina a recordar-me todo o silêncio desse silêncio que calaste. Pai. Quero que saibas, cresce uma luz fina sobre mim que sou sombra, luz fina a recortar-me de mim, ténue, sombra apenas. Não te posso esconder, depois de ti, ainda há tudo isto, toda esta sombra e o silêncio e a luz fina que agora és."

Retirado de morreste-me, José Luís Peixoto, pág.15
Temas e Debates




Retirada da Net



"A morte nada é.
Eu apenas estou do outro lado.
Eu sou eu, tu és tu.
Aquilo que éramos um para o outro
Continuamos a ser.
Chama-me como sempre me chamaste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom da tua voz,
Nem faças um ar solene ou triste.
Continua a rir daquilo que juntos nos fazia rir.
Brinca, sorri, pensa em mim,
Reza por mim.
Que o meu nome seja pronunciado em casa
Como sempre foi;
Sem qualquer ênfase,
Sem qualquer sombra.
A vida significa o que sempre significou.
Ela é aquilo que sempre foi.
O 'fio' não foi cortado.
Porque é que eu estando longe do teu olhar,
Estaria longe do teu pensamento?
Espero-te, não estou muito longe,
Somente do outro lado do caminho.
Como vês, tudo está bem."


Henry Scott Holland

                                                                               

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Máxima faz 23 anos

     A revista Máxima faz 23 anos em Outubro.
     Compro-a desde o primeiro número e tenho-os todos ( 277 ).
     Há 23 anos, quando saiu o primeiro número não havia praticamente nenhuma revista feminina portuguesa e o que havia não tinha grande qualidade.
     Na mesma altura, com um mês de diferença, sairam a Máxima, a Elle portuguesa e a Marie Claire portuguesa.
     Na época eram três revistas muito boas, dentro do género e para o público a que se destinavam.
     Eu comprava esporadicamente a Elle e a Marie Claire francesas. Fiquei entusiasmada quando começaram a sair as edições portuguesas.
     Destas três revistas, sempre foi a Marie Claire a minha preferida.
     Comprei mensalmente as três até a Marie Claire ser extinta ( desta última guardo também todos os  números).
     Entretanto larguei algures no tempo a Elle, mas a Máxima continuei a comprá-la até hoje.
     Mais por hábito e fidelidade que por outro motivo. Às vezes nem sequer a folheio. Fica para ali...
     Deixei de me identificar com ela. Tornou-se numa revista de moda, para um público a que não pertenço. E eu também mudei.
     Há imenso tempo que digo que vou deixar de a comprar, mas continuo fiel.
     Acompanhou-me durante 23 anos da minha vida, em que aconteceram coisas importantes - as mais importantes.
     Custa-me cortar com este laço fútil.
     Custa sempre cortar laços.
     Mas vamos mudando e crescendo e o que ontem fazia sentido, hoje pode ser diferente.
     Porque a vida é feita de mudanças.
     Mesmo que doam.

     Parabéns à Máxima e que continue a encantar leitores como me encantou a mim durante alguns anos.

                                                                              

na hora de pôr a mesa

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.


Retirado de A Criança em Ruínas, José Luís Peixoto, pág.13
edições quasi




Gaspar David Friedrich, Mulher à janela

                                                                                       

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Uma forma de ser...

        

"E o que sentiu foi a liberdade de não depender de ninguém."(pág.144)




                                                                          

                 "A solidão e o silêncio tinham tantas coisas (...) Não precisava de mais nada."(pág.144)


           

Zvi Mairovich


Citações retiradas de Sombras em Telavive ,de Manuel Poppe
                                                                   

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Histórias da segunda-feira

No sábado cortei o cabelo e pareço um bocadinho mais nova.
Hoje também levava um vestido cor-de-rosa às flores, bastante juvenil e por cima do joelho.
Diz-me a C.

"- Ó professora, mesmo com a tua idade que tu tens, parece que és jovem."

Tal e qual dito assim!

(Senti-me com trinta em vez de cinquenta e um).

Ganhei o dia!


                                                                   

Histórias de segunda-feira II

- Professora posso contar uma coisa do fim-de-semana?
- Podes...
- O meu vizinho...( pausa) andou por lá ( refere-se ao campo ) a espalhar carne envenenada, porque disse que o meu cão lhe matou uma ovelha...e o meu cão, o Max, foi lá e comeu carne e morreu...
- Foi?...
- Sim. Estava assim, virado para cima, a deitar sangue da boca.

( Manifestei a minha pena, evidentemente, e o diálogo continuou. )

- E sabes professora, no outro dia a minha mãe ia a conduzir, à noite e viu assim uma coisa a andar, mas não era um coelho, nem era uma raposa. A minha mãe parou e era uma cadelinha pequenina, castanha.
- Era? E levaste-a para casa?
- Levei. Sabes professora, eu acho que que foi o meu cão Max que ma mandou. Chama-se Laica.

Só mesmo uma menina doce e inteligente como a A. para pensar assim!



Charles Burton Barber


"As crianças não têm ideias religiosas, mas têm experiências místicas.
Experiências místicas não é ver seres de um outro mundo.
É ver este mundo iluminado pela beleza."

Rubem Alves

(Citação atribuída a Rubem Alves, num mail em circulação)

                                                                             

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Charlie Chaplin - um pensamento III

"Não devemos ter medo dos confrontos.
Até os planetas se chocam
e do caos nascem as estrelas."

Charlie Chaplin


Kandinsky

                                                                                   
                                                                                  

Maria Flor

Para ti, Ritinha.

                                                                       

domingo, 25 de setembro de 2011

Anfiteatro do Museu Cargaleiro - Cinema ao Ar Livre ( I )

     "A associação EcoGerminar continua com as suas sessões do Ciclo de Cinema ao Ar Livre, desta vez em Castelo Branco, depois do sucesso da primeira, que decorreu no Ladoeiro.
     O Cinema ao Ar Livre está agendado para os dias 23 e 24 de Setembro, no Anfiteatro ao Ar Livre, do Museu Cargaleiro.
     (...) O Primeiro filme a apresentar, no dia 23, será As Cordas de Amália, da produtora Terra Líquida (...)
     A produção da Terra Líquida Filmes tomou pela mão de três guitarrista de Amália Rodrigues ( Raúl Nery, Joel Pina e Fontes Rocha) e deu-lhes merecida exposição e voz.
     O trio, já na casa dos 80 anos, conta episódios deliciosos sobre a carreira mundial de Amália Rodrigues. Presenciaram a ascensão, mas também a queda da artista.
     (...) No dia 24 será exibido o documentário de Jorge Pelicano Ainda há pastores.(...)
     Recorde-se que esta é uma iniciativa solidária e que em troca de poder ver o filme apenas se pede a contribuição com um bem alimentar (...)"


Informação retirada do jornal Reconquista, de 22 de Setembro de 2011, pág.17



                                                                                       


     Eu estive lá  (ontem, dia 23) e apesar da noite fria que se fez sentir, o ambiente era quente e agradável, pontuado pelos castiçais espalhados pelo belíssimo espaço e as mantas de trapos criteriosamente distribuídas pelos degraus do anfiteatro, trazendo ao serão um ambiente mais acolhedor.
     Durante um pequeno intervalo e enquanto se preparavam os instrumentos para ser cantado o fado, por vozes albicastrenses, nomeadamente Nunes Fradique que cantou e encantou os presentes, os jovens da EcoGerminar ofereceram um bem-vindo chá quentinho, bolos e outras bebidas.
     Foi uma noite muito simpática, num belíssimo espaço à espera de ser bem aproveitado.
     Parabéns à EcoGerminar.





                                                                    

Anfiteatro do Museu Cargaleiro - O Espaço ( II )

O belíssimo espaço onde decorreu a apresentação do filme.
Está incluído na zona do Castelo, que nos últimos anos foi alvo de uma excelente requalificação.





















                                                            

sábado, 24 de setembro de 2011

Facundo Cabral - Não estás deprimido, estás distraído

Um texto que vale a pena ouvir. Com tempo.

                                                                                 

Fernando Pessoa - Ansiedade

Ansiedade

Sonho, e estranhos poderes difusos
       Ajudam ao meu sonho iluminado;
Um som como o de chuva iminente
       Rasteja ao meu encontro, alto silvando;
E eis que todas as horas esquecidas
       Me cercam como uma névoa envolvente.

Os fantasmas dos meus perdidos eus
       Tecem à minha volta falsa malha;
Vagos elfos, meus sonhos insonhados,
       Fazem parte agora da minha carne;
E todo eu sou arquivos de sonhos
       De não-ser de mim distanciados.

Posso tocar as coisas impalpáveis,
       Sinto-me ao sol de passados dias;
Sons remotos como asas a voar,
       Rodeiam os caminhos do espírito;
E do outro lado da grande colina
       Um sino toca e chama p'ra rezar.

Mas eu estou cansado de sonhar,
       Cansado de ser eu mesmo sempre
Sobre espaços desertos de parecer,
       Jogador involuntário de um jogo
Com a vida, astro distante a brilhar
       Em terras mortas, sem um nome ter.


Poesia Inglesa (I), Fernando Pessoa, pág.175
Assírio & Alvim

                                                                            

Frida Kahlo
                                                                              

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Duo Main TenanT

Recebi este video por mail há bastante tempo.
Entretanto tinha ficado indisponível, não sei porquê.
Hoje voltei a vê-lo no blogue Fio de Prumo.
Antes que desapareça de novo, aqui fica.
Admirável!




                                                                     

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Miguel Torga - Eternidade

Eternidade

A vida passa lá fora,
Ou na pressa de uma roda,
Ou na altura de uma asa,
Ou na paz de uma cantiga;
E vem guardar-se num verso
Que eu talvez amanhã diga.


Poesia Completa I, Miguel Torga, pág.255
Círculo de leitores



Júlio Resende
                                                                                   

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Alexander Search - Para Alguém Que Toca

Para Alguém Que Toca

Não pares essa música isolada
Que, como brisa, por mim vem passar
Perdida na calma do anoitecer,
Melodia só a meio escutada
Tal como o som de um imenso mar
Que no movimento encontra prazer.

Pois em teu ritmo suave e repetido,
Tu, nessa canção em metro desigual,
Em mim acordas a espiritualidade,
Num alargar e morrer do sentido
Que aparece à consciência natural,
Como para o Tempo a Eternidade.

Retirado de Poesia, Alexander Search, pág.61
Assírio & Alvim




Amadeu de Souza Cardoso

                                                                                   

Maria Teresa de Noronha - 3 fados

Pode ser fatalista, pode ser dramático, pode ser antiquado, mas é fado, é português e é bem cantado.
Eu gosto.
Maria Teresa de Noronha...


Fado da sina
                                                                            


Fado Vitória
                                                                                   


Fado das Horas
                                                                                         

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um livro infantil - Adivinha Quanto Eu Gosto de Ti

" - E eu gosto de ti até à Lua...
     E DE VOLTA ATÉ CÁ ABAIXO."

Um texto muito lindo e uns desenhos espectaculares!


Adivinha Quanto Eu Gosto de Ti
De Sam McBratney e ilustrado por Anita Jeram
Caminho


                                                                          
                                                                    

André Sardet - Adivinha quanto eu gosto de ti

Uma canção...



                                                                     

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Solidão - Chico Buarque de Holanda

Mais um texto que recebi há tempos, por mail.
Vem atribuído a Chico Buarque de Holanda.

Nota: hoje, dia 14 de Dezembro de 2013 recebi os dois comentários que publiquei (com esta data) e que esclarecem que este texto pertence, não a Chico Buarque de Holanda, mas a Fátima Irene Pinto.
Como inicialmente foi recebido por mail, atribuído a Chico Buarque de Holanda, assim o publiquei.
Agora, aqui fica o esclarecimento


"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio da gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa Alma."



Paula Rego
                                                                         

domingo, 18 de setembro de 2011

Charlie Chaplin - um pensamento II

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento da sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."


Charlie Chaplin




Almada Negreiros
                                                                        
                                                                

Piolhos e Actores

Fui ver a peça Piolhos e Actores  ao Cine-Teatro Avenida.

A partir do texto Nãque, O de Piojos e Actores de José Sanchis Sinisterra.


"Rios e Solano são dois actores cómicos ambulantes, perdidos no tempo e no espaço, e que se encontram no «aqui» e «agora» da representação teatral.

Chegam ao teatro carregando um velho baú que contém todo o seu aparato teatral. Têm de apresentar ao público um espectáculo, mas as dúvidas, temores e inquietações que os atormentam, interrompem e atrasam constantemente a representação.

Recorrendo a diversos planos e dimensões no jogo da interpretação, a peça constitui uma reflexão sobre o ofício do actor, sobre a condição do espectador e sobre a necessidade humana de perdurar, de deixar uma marca, tornando-se assim uma metáfora da precaridade da própria condição humana."

(Retirado da Agenda Cultural da Câmara Municipal de Castelo Branco, nº8/2011)


Foi um espectáculo interessante com apenas dois actores, que estiveram em palco durante 90 minutos.
Gostei.



                                                                             

sábado, 17 de setembro de 2011

Um poema infantil - A Menina Feia

A Menina Feia

A menina feia
tem dentes de rato
e pêlos nas pernas
à moda de um cacto.

A menina feia
tem olhos em bico
e o seu nariz
pica como um pico.

A menina feia,
sardenta gorducha
não parece gente,
só lembra uma bruxa.

***

Se fechares teus olhos,
a ouvires cantar,
é uma sereia,
princesa do mar.

Se fechares teus olhos
e chegares pertinho,
ela cheira a rosas
e a rosmaninho.

Se lhe deres a mão,
vês que é de veludo
e tens uma amiga
pronta para tudo.

Retirado de Poemas da Mentira e da Verdade, Luísa Ducla Soares, pág.29
Livros Horizonte


                                                                              
                                                     

                                                         Picasso                        
                                                                                      

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Florbela Espanca - Junquilhos

Junquilhos

Nessa tarde mimosa de saudade
Em que eu te vi partir, ó meu amor,
Levaste-me a minha alma apaixonada
Nas folhas perfumadas de uma flor.

E como a alma, dessa florzita,
Que é a minha, por ti palpita amante!
Oh alma doce, pequenina e branca,
Conserva o teu perfume estonteante!

Quando fores velha, emurchecida e triste,
Recorda ao teu amor, com teu perfume
A paixão que deixou e qu'inda existe...

Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde,
Que venha aquecer-se ao brando lume
Dos meus olhos que morrem de saudade!


Retirado de Poesia Completa, Florbela Espanca, pág.135
Bertrand Editora



                                                                                       

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bom Ano Lectivo

Amanhã (dia 15) inicia-se mais um ano lectivo,  com as mesmas expectactivas de sempre, as mesmas alegrias, os mesmos receios...
Os alunos por uns motivos, os professores por outros.
Todos sabemos como o ensino tem andado maltratado nos últimos anos.
Mas duma coisa tenho a certeza: os professores querem o melhor para os seus alunos e trabalham (muito) para isso.



Queria colocar um post sobre o começo do ano lectivo e li no blogue http://searasdeversos.blogspot.com/
o belo poema que a seguir transcrevo e com o qual me identifiquei.
Agradeço à autora, Lídia Borges, que mo emprestou.
 Muito obrigada.



Poema

Uma sala de aulas, a vida.
Não aquela na serra nem a outra junto ao rio
Não a do outeiro entre flores plantada
Ou a do soalho roto e paredes assoladas.
Não a de vidros partidos e janelas por pintar
Ou a outra onde o sol tanto gostava de entrar.

Não a nova na cidade ou a da aldeia, pequenina.
Não a de hoje ou a de outrora
Apenas a sala onde entro agora
Através de uma porta à entrada da memória.

Já não sei de que lado o meu lugar
À frente ou atrás da secretária
Quem me diz onde me devo sentar?

Há cantigas de roda e jogos para jogar
Um pião, uma corda, um chão para semear.

Há uma sineta que soa, uma história de encantar
Fadas, duendes, anões, tantos sonhos p´ra sonhar
E um saco de respostas p´ra quem quiser perguntar

Há uma estrela sorrindo no alto de uma janela
E um sol quase a nascer brilhando juntinho dela.

Dentro de uma sala de aula
De crianças povoada é que sei o meu viver
Do lado de fora quase nada
O que tenho a ensinar, o que tenho a aprender.


Lídia Borges



Antigamente era assim...
                                                                                   
                                                                                  





                                                                     

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

José Régio - Libertação

Libertação

Menino doido, olhei em roda, e vi-me
Fechado e só na grande sala escura.
(Abrir a porta, além de ser um crime,
Era impossível para a minha altura...)

Como passar o tempo?...E diverti-me
Desta maneira trágica e segura:
Pegando em mim, rasguei-me, abri, parti-me,
Desfiz trapos, arames, serradura...

Ah, meu menino histérico e precoce!
Tu, sim!, que tens mãos trágicas de posse,
E tens a inquietação da descoberta!

O menino, por fim, tombou cansado;
O seu boneco aí jaz esfarelado...
E eu acho, nem sei como, a porta aberta!


Retirado de Cântico Negro, José Régio, pág.28
edições quasi





Este poema faz parte do CD Caderno de Afectos de Francisco Ceia, cujas letras são, todas, poemas de José Régio


Um CD que quanto mais se ouve, mais se aprecia...

                                                                              

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Bom dia!

"Um dia sem riso é um dia desperdiçado."

                             Charlie Chaplin

                                                                                

                                                                                                                                            
                                                                               

Dois lobos

Tenho ideia de já ter visto este pequeno diálogo circulando por mail.
Agora chegou-me às mãos, escrito num saco de papel da Natura ( passe a publicidade ).
Acho-o bonito e por isso aqui fica.
Não tem identificação do autor.


"Um velho índio estava a falar com o seu neto e contava-lhe:

- Sinto-me como se tivesse dois lobos lutando no meu coração.
Um é um lobo irritado, violento e vingativo.
O outro está cheio de amor e compaixão.

O neto perguntou:

- Avô, diga-me, qual dos dois ganhará a luta no seu coração?

O avô respondeu:

- Aquele que eu alimente."


                                                                              

                                                                       

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Urban Sketchers em Castelo Branco

Não sabia o que são Urban Sketchers.

Li na Reconquista, um jornal local, que ia haver  em Castelo Branco  uma concentração destes desenhadores (acontecimento que se repete pela 2ª vez).

Fui ao local do encontro final, para ver os desenhos feitos durante o dia, mas com muita pena minha o encontro estava atrasado e não pude esperar.

Os Urban Sketchers são desenhadores que registam através dos seus desenhos as memórias diárias.
Têm cadernos que são os seus diários gráficos.

"...vai-se tornando cada vez mais normal vê-los com o seu caderninho nas mais diversas situações. No café, na rua, nos transportes públicos, nas reuniões...e tudo ali fica registado através da imagem." (retirado do jornal Reconquista de 8 de Setembro de 2011, última página)

Fiquei com imensa vontade de experimentar.
Já tenho um caderno bonito. Vou sair por aí e começar a desenhar.
Mas ...falta-me o talento!
A ver vamos...

                                                                                   

                                                                                    
Os dois desenhos que coloquei a seguir, são um exemplo do trabalho de um desenhador e representam dois pontos em  Castelo Branco.
Fui buscá-los ao blogue desenhador do quotidiano,   http://diario-grafico.blogspot.com/    e foram publicados por Eduardo Salavisa, em 23 de Março de 2011.




Praça Camões (antiga Praça Velha)
Castelo Branco



Rua dos Paleteiros
Castelo Branco


São lindos!


Um dia destes quem sabe, trago aqui um desenhito meu...


                                                                           

Leonardo da Vinci /Alexander Search

Leonardo da Vinci - Estudos e esboços de obras





Homens de Ciência

Labutando contra o tempo e contra a sorte
Gastando contra o Erro mais que a vida,
Buscando o todo, a verdade perseguida
Alheios à fé, à miséria e até à morte -

Haverá coisa mais nobre no viver
Que lutar p´ra fazer luz da escuridão
E ao partir deixar, sangrando a mão,
Aos mais fracos um caminho a percorrer?

O vago mundo outro, atravessado,
A Natureza estudada com saber
P´ra que possa um gesto sábio e avisado

Fazer melhor, mais clara a realidade.
Oh, com que alegria e amor posso entender
Almas que anseiam por luz e por verdade.


Retirado de Poesia, Alexander Search, pág.129
Assírio & Alvim


domingo, 11 de setembro de 2011

A Morte - Maria Filomena Mónica

,
Acabei de ler A Morte, de Maria Filomena Mónica, um pequeno livro de cerca de 80 páginas que aborda questões como o testamento vital, o suicídio assistido e a eutanásia e a falta de legislação sobre os mesmos.
Não são temas fáceis e se há quem nem sequer queira ouvir falar deles e pense que a vida tem que ser vivida até ao último momento sem outra possibilidade de escolha, independentemente do estado de saúde e do sofrimento que pode levar alguém duma forma consciente a querer abreviar o fim, também há quem pense de outra forma.
 Eu fui criada na religião católica e sou um pessoa de fé, mas penso que como pessoa individual tenho o meu direito de escolha.
 Se fosse caso disso  gostaria de ser eu a poder escolher o que só a mim afectaria.
Porque é que outros decidiriam por mim que eu tenho que continuar em sofrimento, se as dores são minhas?
Porque decidiriam que devo continuar a vegetar se a vida que não é vivida é a minha?
Porque decidiriam que tenho que estar imobilizada numa cama para sempre, se quem não pode correr, amar, viver...sou eu?
Se fosse caso disso gostaria de ser eu a escolher o que a mim diz respeito.
Não são assuntos pacíficos e concordo em absoluto que não são leis que possam ser elaboradas de forma fácil.
O livro é muito interessante  para quem  se queira  debruçar sobre o assunto ou já teve dúvidas a este respeito.


Relacionados com este tema li dois livros que falam de casos reais, Cartas do inferno de Ramón Sampedro (referido no livro de MFM) e Ainda Alice de Lisa Genova. O primeiro contado na primeira pessoa e o segundo na terceira pessoa. Ambos muito interessantes e que nos levam a reflectir sobre o assunto.

                                                                              

Deth and Life,  Gustav Klimt


"...os médicos (...) estão numa situação cada vez mais difícil: tanto são criticados por terem optado pela «obstinação terapêutica» como por terem «desligado a máquina» antes de tempo. A sua  inclinação (...) é prolongar a vida dos doentes ao máximo, o que nem sempre é positivo. Enclausurados em corpos demasiado frágeis para se poderem exprimir, pode acontecer que aos doentes terminais esteja a ser negada a possibilidade de morrer naturalmente, o que é tanto mais grave quanto tudo se passa fora do escrutínio das famílias." (pág.31)


"Admito que há doentes que se resignam a enfrentar dores horríveis. Respeito a sua opção." (pág.36)


...e com algum humor Maria Filomena Mónica diz:


"...até disse que a idade «madura» me parecia a melhor coisa do mundo. Depois fui-me apercebendo de que, se há coisas boas na velhice, as más as ultrapassam de longe.
(...)
Quando me viram de canadianas, as velhotas do meu bairro meteram conversa. Detectei logo nas suas palavras, uma peculiar mistura de sadismo e compaixão. A vizinha apressada - eu - passara a fazer parte das inválidas." (pág.54/55)


As citações foram retiradas de A Morte, Maria Filomena Mónica
Fundação Francisco Manuel dos Santos/Relógio D´Água Editores
                                                                            

Sobre A Morte - Alexander Search

Sobre A Morte

Quando penso que os dias a passar
Em passos breves, mas em peso sentidos,
Minh´alma levam a espaços temidos
E a juventude à morte vai dar,

Por estranho e triste que me pareça
Que em breve (ora vivo) eu vá morrer,
Vaga, incerta dor que pesa em meu ser
Faz com que a mente em pavor desfaleça.

Contudo mesmo em raiva, choro e pena
Cada instante é consolo ao coração
E com riso acolherei cada gemido:

Do fundo desespero e esp´rança acena.
Na morte não vejo a libertação -
É melhor o mau que o desconhecido.


Retirado de Poesia, Alexander Search, pág.11
Assírio & Alvim





O Anjo da Morte, Evelyn De Morgan
                                                                                     

sábado, 10 de setembro de 2011

Cristina Branco

Hoje fui ouvir Cristina Branco ao Cine-Teatro Avenida.
Acompanhada por quatro músicos: guitarra, viola, contrabaixo e piano/acordeão.
Um espectáculo excelente.
Houve momentos em que gostaria de poder cantar em voz alta junto com a fadista...cantora...



"Entrelaçam-se dedos na música como pernas que dançam pela noite dentro. Dizem alguns que o Fado já foi bailado. O Fado é como o Tango, ritmos de gente doída e pobre, mas de alma grande!"(Cristina Branco, referido na Agenda Cultural da Câmara Municipal de Castelo Branco,nº8)





"Pode ir-se mais longe e imaginar que "Não há só Tangos em Paris" é a própria viagem a Buenos Aires/Lisboa/Paris. Tudo pode acontecer neste percurso entre a miséria e a luxúria. Há desespero, um rol de desgraças, histórias de amantes, e há sobretudo Saudade, a palavra indizível mas de sentimento tão amplo e nobre. Tenho p´ra mim que sou inteira!"(Cristina Branco, idem)
                                                                              



Sou inteira quando canto
O fado, canção saudade
Tenho dentro do meu peito
O sabor da liberdade

  

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Biblioteca Municipal de Castelo Branco - um espaço de cultura e lazer


Ontem fui inscrever-me na Biblioteca Municipal.
E de caminho trouxe três livros, que se calhar não vou ter tempo de ler dentro do prazo, mas...logo se vê!
Vou tentar, porque são livros que estão esgotados e quero muito ler.


                                                                                  

Há muitos anos, mesmo muitos que deixei de frequentar a biblioteca onde me tinha inscrito aos seis anos, e de onde trouxe tantos e tantos livros que me fizeram sonhar.
A biblioteca entretanto também mudou de instalações e hoje situa-se bem no centro da cidade, junto às Docas, num edifício construído de raiz, no local onde ficava o antigo Quartel do Regimento de Cavalaria.
A actual biblioteca foi inaugurada a 28 de Junho de 2007.


                                                                             

 Já lá tinha entrado com os meus alunos e também para cumprir o meu dever de cidadã, uma vez que fica ali a secção de voto onde pertenço.


                                                                               

No final do ano lectivo recomendei aos meus alunos que se fossem inscrever e durante as férias lessem alguns livros.
Resolvi que também deveria inscrever-me para ser coerente.


                                                                                 

Além disso, é uma boa altura para começar a utilizar a biblioteca e tentar comprar menos livros, já que estamos em época de crise...


                                                                          

Tem um espaço interior muito amplo e bastante agradável. Mais concretamente, tem vários espaços, dentro dum mesmo espaço.


                                                                               

Ontem, enquanto tratava daquilo que me levou ali, tive oportunidade de observar que havia quem lesse o jornal ( alguns aposentados), noutro local, jovens utilizavam computadores, outros jovens liam, havia pessoas à procura de livros (eu incluida - depois de me informarem correctamente, depressa encontrei o que queria), havia 3 miúdos pequenos com o avô...
Nota-se que a biblioteca  é frequentada, utilizada...( que é para isso que ela existe).


                                                                           

Podem requisitar-se livros, DVDs e CDs. Permite a utilização de Internet gratuita. A leitura presencial de obras. Consulta de Periódicos locais e nacionais.
Gostei do aspecto geral da biblioteca e do ambiente tranquilo.
A parte da frente é  envidraçada. Torna o local mais leve e luminoso.
O espaço envolvente é bastante aprazível.
Gosto.


                                                                                

O ambiente pareceu-me muito bom.





A porta de entrada do antigo Quartel de Regimento
(ao fundo vê-se a biblioteca)