Clareira
Seria tão bom, como já foi,
as comadres se visitarem nos domingos.
Os compadres fiquem na sala, cordiosos.
pitando e rapando a goela. Os meninos,
farejando e mijando com os cachorros.
Houve esta vida ou inventei?
Eu gosto de metafísica, só pra depois
pegar meu bastidor e bordar ponto de cruz,
falar as falas certas: a de Lurdes casou.
a das Dores se forma, a vaca fez, aconteceu,
as santas missões vêm aí, vigiai e orai
que a vida é breve.
Agora que o destino do mundo pende do meu palpite,
quero um casal de compadres, molécula de sanidade,
pra eu sobreviver.
Foto feita na exposição Manta/Retratos de Família
no Centro Cultural de Cascais em Novembro de 2013
Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
Poemas de
Adélia Prado, Bagagem, pág.40 e 41
Livros Cotovia
Gosto desta poetisa. E tb desta família de pintores.
ResponderEliminarBom dia!
Conheço melhor, a poetisa, há pouco tempo. Nem tenho bem a certeza se já tinha lido alguma coisa dela. Vi uns vídeos com entrevistas e li poemas dela num blogue que visito ( Ginjal e Lisboa a love affair) e gostei muito. Fui procurara mais.
EliminarDa família Manta, adorei TUDO na exposição. Esta foto é um pormenor duma pintura ("Jogo de damas").
Bom dia!