terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Silêncio dos Livros - George Steiner / Michel Crépu - Esse vício ainda impune

Os livros já foram uma raridade acessível a poucos.
Será que um dia vai voltar a ser a mesma coisa?
Seria de certeza de forma diferente e por motivos diferentes, mas poderá acontecer?...
O Silêncio Dos Livros é um pequeno livro que aborda o tema duma forma muito interessante e coloca questões sobre o mesmo.

Que tristeza seria um mundo sem livros...

"Temos tendência a esquecer que, por serem altamente vulneráveis, os livros podem ser suprimidos ou destruídos. Como as demais produções humanas, os livros são portadores de uma história, história essa cujos primórdios continham já em germe a possibilidade ou a eventualidade de um fim.

George Steiner sublinha assim a permanência incessantemente ameaçada e a fragilidade da escrita, interessando-se paradoxalmente por aqueles que quiseram - ou querem - o fim do livro. A sua abordagem entusiástica da leitura une-se aqui a uma crítica radical das novas formas de ilusão, de intolerância e de barbárie produzidas no seio de uma sociedade dita esclarecida.

Essa fragilidade, responde Michel Crépu, não nos remeterá para um sentido íntimo da finitude que nos é transmitido precisamente pela experiência da leitura? Essa tão estranha e doce tristeza que se encontra no âmago de todos os livros como uma luz de sombra.

A nossa época está prestes a esquecer-se disto. Nunca os verdadeiros livros foram tão silenciosos."


Retirado da contra-capa do livro O Silêncio dos Livros de George Steiner
gradiva



                                                                             


"O facto novo é que esta guerra aos desacatos do vício ainda impune ( e é bom que percebamos que não vai continuar assim por muito mais tempo ), em nome do desenvolvimento e da rentabilidade tanto psicológica como comercial, é conduzida por um exército de patetas radiantes de estupidez e de uma ambição feroz. São os imbecis de que falava Bernanos. São infalivelmente reconhecíveis pelo mau gosto, pela incapacidade de usarem com bom senso e justeza  o poder  de que gozam hoje em dia. É o aspecto cómico da situação, porque, apesar de tudo, este existe: o poder mediático tem as mãos vazias, a substância  que se propõe transmitir é nula.(...)"



Michel Crépu, O Silêncio dos Livros / Esse Vício Ainda Impune,pág.68 e 69
gradiva

                                                                                

14 comentários:

  1. Isabel,
    Um tema interessantíssimo, a merecer a devida atenção.
    Obrigado pela dica - quem disse que na blogosfera há pouca partilha? - vou tentar não perder.

    Beijo :)

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  2. Para a época ( 1950 ), considero que comecei a ler bem cedo.
    Faulkner, Steinbeck...e por aí.
    Tinha necessidade de ler ( A televisão ainda não existia, atente-se ).

    Um beijo.

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  3. Muito interessante!
    Em várias momentos da História os livros foram reduzidos a cinza e ao silêncio. Todavia, não quero pensar num mundo sem livros porque decerto iria ser árido e morreriamos de sede.
    Gostei muito deste post. Vou procurar o livro.
    Beijinho especial.

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  4. Olá AC
    é um pequeno livro de 70 páginas, mas bem interessante. Eu gostei muito.

    Um abraço e boa semana

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  5. Boa noite João
    e continua a ler muito ou os livros e os escritores de hoje não o seduzem?

    (Nesse tempo a televisão não existia, e hoje para muitos programas valia mais não existir...)

    Um abraço

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  6. Ó Ana, também não imagino os dias sem livros.
    Devia ser realmente árido...

    Eu acho que vais gostar. Se quiseres empresto-te o meu. É pequeno, chega aí num simples envelope. Depois diz.
    Beijinhos

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  7. Os livros estarão sempre aí, os de consulta, os de mesa de cabeceira, os de viagem ou excursão pela natureza, os que se lêm à sombra duma àrvore...
    Adoro eses livros cuidados, sentir nas mãos os da edição Aguilar, por exemplo, que tinham as capas em cabedal e eram de "papel bíblia", tão fino e suave(guardo-os como um tesouro). Ainda se encontram e encontrarão sempre maravilhas, tenho a certeza. Em Espanha está agora a editorial Atalanta, e que dizer da londinense Ivorypress, que por certo também é duma espanhola, Elana Ochoa?
    No entanto penso que o livro digital ou eBook vai ter um papel relevante no futuro, é uma forma definitiva da divulgação cultural a preços acessíveis a todos, é prático porque não ocupa espacio nas casas, e higiénico porque não acumula pó, e ainda por cima não é necessário talar àrvores...Tudo são ventagens, há sítio para as duas coisas, não achas, Chabela?
    Beijinhos

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  8. Por enquanto pelo menos, acho que sim, mas no futuro...sei lá...
    Uns destruídos por fanatismos, falta de árvores, as pessoas que lêem pouco, as que procuram os eBook...tantas razões infelizmente para poderem desaparecer. Eu não gosto de ler no computador. Mesmo documentos de trabalho, alguma legislação...tenho o péssimo hábito de imprimir. Gosto de ter o papel na mão. Eu sei que não devia e agora tento evitar, mas custa-me não ter o papel na mão. E então um livro, preciso de o ter para "utilizar" - escrever, levar por todo o lado, guardar depois de lido...enfim, É UM LIVRO!

    Aguilar não me é estranho, mas ou outros nomes das editoras não conheço. A Aguilar era portuguesa? As outras são espanholas?
    Comprei há pouco tempo um livro em papel biblia. Também gosto.
    Gosto de livros, dos meus livros e nunca hei-de deixar de comprar livros. Prefiro privar-me de outras coisas.

    Beijinhos e bom dia
    Chabela (gostei)

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  9. Isabelamiga

    O silêncio dos livros, diga-se o que se disser, diga-o quem o diga é uma falsidade e uma ubiquidade. Os livros devoram-se - eu, pelo menos, faço-o - vivem e falam; através de quem os lê, ou seja, nós.

    Qjs

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  10. É de se assustar...preciso pensar mais sobre o assunto. Livro é livro e nem consigo pensar diferente.

    bjs meus

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  11. Acha que o silêncio dos livros é uma falsidade?
    Eles vivem e falam através de quem os lê, agora.
    Mas no futuro?...

    (Já não estaremos cá para ver)

    Um abraço

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  12. Queridas amigas
    também acho, que seria triste não termos livros.
    Mas para já vamos mas é aproveitá-los e lê-los o máximo.

    Depois...

    5 beijinhos amigos

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  13. Os livros não morrerão! Porque são insubstituíveis: a "matéria", o cheiro, o papel, enfim...
    Deve ter muito interesse o lvro, até porque Steiner é um homem de muita cultura!
    Também eu tenho livros da Aguilar, Maria, O Unamuno, até uma tradução dos Karamasov.
    E aqui o trabalho das velhas editoras: a Inquérito, por exemplo.
    Enfim: sejamos optimistas!E se alguém ler os tais ebooks, melhor: sempre melhor ler assim ou assado...do que não ler!
    Bom feriado!

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  14. Boa tarde Maria João
    realmente o mundo sem livros seria muito árido, como diz a Ana.
    Não vão morrer pois não?

    Da Inquérito também tenho alguns.

    Já ofereci à Ana e também lhe ofereço a si. Se quiser empresto-lho Maria João.
    Um beijinho grande

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