domingo, 4 de novembro de 2012
Poema Das Árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.
António Gedeão
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Olá,Isabel,
ResponderEliminarEste poema é muito lindo!...aliás, são todos.
Conhece as Janelas de Lisboa do António Gedeão?
Parabéns pela escolha do poema e da foto.
Um beijinho
ME
Conheço as janelas e até tinha ideia de ter recebido em tempos um mail, daqueles que circulam por aí, com esse poema e janelas de Lisboa. Encontrei-o no youtub e vou colocá-lo aqui, mais tarde. É muito bonito, o poema.
EliminarObrigada por gostar das escolhas.
Um beijinho
L-I-N-D-O!!
ResponderEliminarGosto imenso de António Gedeão.
A fotografia muito bonita, também.
Um beijinho grande.
Muito obrigada Cláudia.
EliminarO António Gedeão tem poemas muito bonitos.
Também gosto muito.
Um beijinho e boa semana (sem frio!)
Agora também já podes deixar comentário no meu blog!! (o blog é um "trabalho" para uma das minhas cadeiras!)
ResponderEliminarBeijinhos, Rita.
FIXE!!
EliminarJá lá vou bisbilhotar!
Beijinhos
Bela
Uma grande escolha.
ResponderEliminarAntónio Gedeão é um dos poetas preferidos.
Cumprimentos.
Também acho um belo poema.
EliminarObrigada por ter gostado da escolha.
Uma boa semana para si.
Tudo o que se diga das árvores é pouco, não imagino o mundo sem elas, creio que me seria muito duro viver longe delas. Felizmente nunca foi o caso, sempre vi alguma da janela, amo-as profundamente.
ResponderEliminarA foto linda como sempre.
Beijinhos
Também gosto das árvores e gosto das plantas.
EliminarTambém sempre tive árvores por perto. Na casa da minha mãe,tinhamos uma nespereira enorme no quintal. Foi plantada pela minha mãe. E um pessegueiro e videiras e muitas árvores nos quintais vizinhos. Na minha primeira casa, via árvores e nesta também. Mesmo em casa gosto de plantas. Acho que uma casa sem plantas, é fria. Enfim, gostos!
Obrigada por apreciares a foto.
Um beijinho grande
Um poema tão bonito! E linda a imagem escolhida. A solidão das árvores, que coisa verdadeira e ao mesmo tempo extraordinária...
ResponderEliminar"E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós."
Procuremos estar à altura delas!
Beijinhos
Gosto das árvores. E há árvores duma beleza incrível.
EliminarEstou-me a lembrar dos sobreiros do "seu" alentejo. Parece que este pedacinho de poema foi escrito para eles. Às vezes vêm-se alguns espalhados isoladamente por esse campo fora, quando se vai na estrada. Muitas vezes tenho tido vontade de parar e fotografá-los(mas quem conduz, não me dá troco!) Há sobreiros lindíssimos. Vistos ao longe, solitários; um tronco frágil, sustentando enormes copas, que cresceram selvagens, criando formas duma beleza incrível. Acho esssas árvores muito bonitas.
Um beijinho grande e fico contente que tenha gostado
Gosto muito de árvores, vejo-as como se fossem quase pessoas ou uma espécie próxima dos humanos.
ResponderEliminarEste poema é muito bonito e a fotografia também. Foi feita por si? É onde? Parece ser um sítio lindo.
Um beijinho, Isabel.
A fotografia é minha. São sempre. Esta fotografia foi tirada há dias durante uma caminhada numa zona verde que foi criada há poucos anos aqui na cidade, e que quando tiver mais uns anitos e as árvores tiverem crescido mais uns metros, dará uma zona de lazer muito agradável, para uma cidade tão quente.
EliminarTambém gosto das árvores e acho interessante essa ideia de estarem próximas dos humanos. Acho um crime enorme quando cortam árvores centenárias e mesmo qualquer árvore, que não incomode ou que não esteja doente, seja onde for.
Um beijinho e resto de dia bom (aqui choveu todo o dia)