segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Instantes


Sempre gostei de espanta-espíritos e móbiles.

A leveza do móbil que se agita com o vento
ou a delicadeza dum breve instante musical...

                                                                            
 

 
 
 
Motivo
 
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
 

 

 
 
 
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
 

 

 
 
 
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço.
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
 

 

 
 
 
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
 
Cecília Meireles
 
 

14 comentários:

  1. Há mobiles simples e bem interessantes.
    Eu trouxe um de Macau. Como estava no exterior, o tempo destrui-o.
    Foi pena, porque a sonoridade encantava-me.

    Um beijo, Isabel.

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    1. Os mais simples e mais leves, são, na minha opinião, os mais interessantes.
      Não tenho nenhum nas varandas, porque receio que incomode os vizinhos, mas já tive a tentação de os lá colocar...

      Um beijinho

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  2. Também gosto destes movimentos, desta música que -parece- afasta os espíritos maus! Que estão sempre à espreita...
    Cantemos, antes que eles apareçam! E, seguindo Cecília Meireles...
    "(...) E a canção é tudo.
    Tem sangue eterno e asa ritmada.
    E um dia sei que estarei mudo:
    - mais nada."
    beijos

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    1. Por isso temos absolutamente que cantar!

      Gosto imenso de ouvir o som de alguns destes espanta-espíritos e toco-lhes sempre que vou passando por eles.

      Um beijinho grande :)

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  3. Chabela, a tua casa é como o país das maravilhas! Adorei. És imprevisível, não esperava tanta frescura, os teus sobrinhos devem estar encantados .
    Beijos

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    1. Ai Maria que até me fizeste rir com o país das maravilhas!
      Não sei se frescura é o termo certo para a minha casa, mas que é um pouco diferente do tradicional, lá isso é.
      Só tenho uma sobrinha pequenina...mas todos gostam daqui, acho eu...
      Beijinhos

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  4. Gosto muito deste poema. Sei-o de cor, desde há longo tempo e recito-o, em silêncio muitas vezes, vá-se lá saber porquê.
    Quando era criança, na casa de uma amiga, havia vários espanta-espíritos. Fascinavam-me!

    Um beijo

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    1. Engraçado, isso que diz sobre o poema...
      Também o acho muito bonito, assim como os espanta-espíritos; apetece-me sempre comprar mais um!
      Um beijo.

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  5. Mas que variedade!... Muitos giros.
    E claro que gostei do poema de Cecília Meireles.

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    1. Ainda tenho mais alguns...Gosto de os ver espalhados pela casa.

      É um poema muito bonito. Gosto da poesia dela.

      Boa noite e um bom fim-de-semana!

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  6. São muito interessantes os seus espanta-espíritos! Quando há uma corrente de ar eles agitam-se todos ao mesmo tempo!? Deve ser muito agradável ouvir tanta sonoridade diferente, à medida que vai avançando pela casa!
    Obrigada pela partilha.
    Um beijinho

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    1. Normalmente o único que está exposto a correntes de ar é o último. O das borboletas agita-se cada vez que se puxa a persiana da janela, porque sempre se mexe no cortinado. Os restantes, é raro. Eu é que os vou agitando propositadamente. Tenho essa mania.

      Obrigada eu, pela sua presença amiga.
      Um beijinho

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  7. SÃO SONS QUE VAZEM BEM A TODOS, PRINCIPALMENTE AO CORAÇÃO... SENSACIONAL...

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  8. Concordo consigo, Palladino!
    Boa noite!

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