sábado, 6 de setembro de 2014

Do Coração...


Do Coração...

Do coração não vou falar-te, pois:
por esta rua passam horas idas
com negrura nos olhos do que viram
e souberam guardar: falso tesouro.

Dizem que é órgão tão sujeito à morte
que sem compasso quanta vez lateja:
a presença teimosa que lanceia,
mas falar dele   para quê    não posso.

O que entre nós alimentou a vida
e coloriu meu sangue de aventura
é segredo que nada acordará -

e falar dele    falta-lhe ousadia:
ambos sofremos a nudez da luz
que se brilhou    também soube ocultar-se.

António Salvado, Sinais do Fluir, pág.15

                                                                              
 
Rochedos à beira-mar
Paul Gauguin
 

6 comentários:

  1. Bonitos versos, embora os amores secretos sejam como a roupa que se encerra húmida e acaba por criar mofo e não servir para nada...Penso.
    Bom finde, beijos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isso é verdade, mas às vezes não pode ser doutra maneira, acho eu...
      Um beijinho grande e bom finde também para ti:)
      Acreditas que hoje por aqui chuviscou? Ai o meu Verão que está de abalada...

      Eliminar
  2. Por aqui choveu a valer, embora pouco tempo. :(
    Um belo quadro.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu bem digo: o Verão está de partida:(

      Também gosto do quadro...

      Eliminar
  3. Verão rima com coração
    mas afinal padeceu dum mal:
    chuva em auricular fibrilhação.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois é...a chuva a chegar
      e o coração a ficar
      como o tempo
      cinzento e triste...

      O meu fica, porque não gosto do Inverno, mas ...tem que ser!

      Bom fim-de-semana:)

      Eliminar