sábado, 14 de dezembro de 2019

Projectos, concursos, desfiles e afins..."Escola, Escola, Quem és Tu?"


Sou professora.
Nem boa nem má: sou professora e sempre fiz  tudo o que é suposto.
É na sala de aula que tenho que provar o que valho (mesmo se na maior parte do tempo não tenho nada mais que um quadro preto - que acho imprescindível - e papel e um velho e obsoleto computador ), não é em desfiles, nem em exposições, nem em concursos...que tenho que mostrar o meu valor ou a minha competência. Também aí, mas por acréscimo e de forma facultativa. Às vezes há tempo e criatividade, outras vezes não.
Não me obriguem a participar em projectos para os quais já não tenho (nem quero ter) capacidade de resposta.
Já não tenho tempo, nem idade, nem incentivo.

O meu contrato de trabalho acabaria há quatro anos, mas antes de acabar fizeram-me saber que afinal teria que aguentar mais ONZE anos!




11 comentários:

  1. Para Isabel:
    Infelizmente, conheci bem estas direcções de escolinhas que se centram no acessório, leve, para não se concentrarem no essencial. E também há muita gentinha docente que adora estas palhaçadas, porque não dá trabalho. Não sabem bem o que é seriedade, mas depois "reclamam" respeito.
    Quanto ao resto, e em defesa da sanidade mental, optei por sair mais cedo.

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    1. Discordo quando diz que não dá trabalho. Pode não dar muito trabalho para alguns implicados, mas para os professores que têm turmas e um programa a cumprir, é sempre trabalho acrescido.
      Eu acho que os miúdos da escola primária precisam mas é de estabilidade. Estar na escola e trabalhar sem andarem sempre numa roda viva de actividades. Gosto de sair com os miúdos, e há actividades que o justificam, mas acho que hoje em dia só vale andar sempre numa roda viva : participar em todos os concursos, todos os projectos...
      Nós temos um programa para cumprir, muitos livros para trabalhar (um exagero!) e depois, a escola está cheia de contradições.

      Estou cansada.
      Se pudesse, fazia o mesmo que fez a Hmj, mas não posso, por enquanto. Tiram-me demasiado dinheiro...mas não sei se consigo ir até aos sessenta e cinco (ou mais).

      Muito obrigada pelo seu comentário. Fiquei contente por ter passado por aqui.

      Desejo-lhe um bom domingo:))

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  2. Isabel, não posso estar mais de acordo! Acrescento a falta de valorização profissional, as más respostas que recebemos por parte de (alguns) enc. de educação, as mentiras de que somos alvo, as turmas enormes (tenho 24, do 1º ano) a excessiva burocracia que triplicou com a vinda dos documentos "virtuais" e muito mais haveria a acrescentar. Também não tenho pachorra para fogo de vista, nem para projetos pseudo inovadores, nem para festas e festarolas, sou professora para ensinar e não animadora cultural... e... tento, tenho de aguentar até... (daqui a 20 anos?) para a reforma. :(
    Beijinho, vai um abraço cheio de força deste lado!

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    1. Também comecei com uma turma de 1º ano de 24 alunos (tão difícil, complicada e desgastante, com alguns miúdos tão problemáticos, que pela primeira vez na minha carreira de 37 anos, meti um atestado médico. Estava no limite. Foi um ano para esquecer.), mas agora, no 3º ano já só estão 22, e à custa de muito trabalho, já estão muito melhores em relação ao comportamento.
      Só quem não tem a mínima noção do que se passa nas escolas, é que faz leis para haver turmas com esse número de alunos (e mais). É uma loucura ensinar a ler 24 alunos que muitas vezes são autênticos bebés. É uma violência para professora e alunos. E com a agravante de no 2º ano terem logo uma prova de aferição (completamente desadequada).

      Enfim, vamos sobrevivendo às mudanças, conforme mudam os governos. As modas vêm e vão e nós é que continuamos a por os alunos a ler, a escrever e a começar a ser gente!

      Beijinhos e obrigada pelo seu comentário.

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  3. É dose, Isabel. Concordo. E penso que essas participações deviam ser sempre voluntárias. Fico contente de as ter efectuado sem horas de projecto, sem reconhecimento ou aplauso, sem que alguém pensasse que me queria evidenciar ou ganhar o muito bom na avaliação, porque não havia avaliação. E foram tempos de muito trabalho e muito gratificantes. Conhecer os alunos fora da sala é outra coisa; envolvê-los em projectos que lhes agradam...mas nada disso hoje se pode fazer, os alunos nem estarão interessados e os professores andam cansados e desmotivados. Não é fácil viver nesta escola.
    BFS

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  4. Não é nada fácil viver nesta escola. Eu já estou a chegar ao final, mas digo-lhe que não invejo os colegas mais novos e o caminho difícil que ainda têm para percorrer.
    Eu protejo a minha sanidade mental ignorando muitas coisas que considero "mariquices", se puder. Quando não posso evitar, lá faço as coisas o melhor que sei e posso, sem me preocupar com avaliações de qualquer tipo, porque se fazemos o melhor que sabemos, não nos podem exigir mais.

    Uns dias com mais cansaço, outros com mais ligeireza e até algumas alegrias inesperadas, vai-se resistindo.

    Obrigada pelo seu comentário, Bea. Acho que já uma vez lhe perguntei: era professora de quê?...

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    1. de filosofia, oficialmente:))).

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    2. Nunca imaginaria...diria de português, qualquer coisa ligada à literatura...mas não me lembraria de filosofia. Tenho um irmão que é professor de filosofia.

      Bom domingo e obrigada por responder:))

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  5. Fazê-los homens não têm preço!
    Quanto às mariquices parece-me que muitas vezes são pedidas para alimentar de palha estudos de Técnicos e estagiários do Ministério.
    Beijo.

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  6. Nem mais!

    Ainda tenho que me aguentar mais meia dúzia de anos, mas estou saturada...
    Enfim...

    Desejo-lhe continuação de Boas Festas. Um bom 2020!
    Beijinhos:))

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  7. Tenho imensas escolas aqui na área, e muita gente amiga que trabalha no ramo do ensino, pelo que estou um pouco por dentro destas situações limite, em que muitos professores estão... a sobreviver... se pensarmos naqueles que estão colocados bem longe da área de residência... e têm de ter um lugar para morar... arranjar tempo para a família... preparar aulas e todo um conjunto de trabalhos burocráticos, que a cada ano, parece aumentar mais... e mais...
    Um beijinho solidário!
    Ana

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