sexta-feira, 20 de abril de 2012

Florbela

Fui ver, ao Cine-Teatro Avenida, Florbela de Vicente Alves do Ó.
Adorei o filme e para enriquecer a noite de cinema, a presença do realizador, que com disponibilidade e simpatia  respondeu a um número  razoável de perguntas, colocadas por alguns espectadores.
Foi uma sessão de cinema muito interessante.



" Num Portugal atordoado pelo fim da I República, Florbela (Dalila Carmo) separa-se de forma violenta de António ( José Neves). Apaixonada por Mário Lage (Albano Gerónimo), refugia-se num novo casamento para encontrar estabilidade e escrever, mas a vida de esposa de província não é conciliável com sua alma inquieta. Não consegue escrever nem amar. Ao receber uma carta do irmão Apeles (Ivo Canelas), oficial da Aviação Naval e de licença em Lisboa, Florbela corre em busca de inspiração perto da elite literária que fervilha na capital. Na cumplicidade do irmão aviador, Florbela procura um sopro em cada esquina: amantes, revoltas populares, festas de foxtrot e o Tejo que em breve verá o irmão partir num hidroavião. O marido tenta resgatá-la para a normalidade, mas como dar norte a quem tem sede de infinito? Entre a realidade e o sonho, os poemas surgem quando o tempo pára. Nesse imaginário febril de Florbela, neva dentro de casa, esvoaçam folhas na sala, panteras ganham vida e apenas os seus poemas a mantêm sã. Por isso, Florbela tem que escrever! Este filme é o retrato intímo de Florbela Espanca: não de toda a sua vida cheia de sofrimento, mas de um momento no tempo, em busca de inspiração, uma mulher que viveu de forma intensa e não conseguiu amar docemente."


Retirado da agenda cultural da Câmara municipal de Castelo Branco


                                                                               



         Os Versos Que Te Fiz


Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem para te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim para te oferecer.

Têm dolência de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!


Sonetos, Florbela Espanca, pág.63
europa-américa

10 comentários:

  1. O filme deve estar bem, gostava de o ver.
    É uma grande poetisa, e teve uma vida muito intensa.
    Lembro-me de estes versos ao irmão :
    — Eu fui na vida a irmã de um só irmão,
    E não sou a irmã de ninguém mais!

    Bom Finde, Besos

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    1. Gostei muito do filme, pode ser que tenhas oportunidade de o ver.
      Ela gostava muito do irmão e a morte dele deixou-lhe uma enorme tristeza da qual parece que nunca recuperou.
      Teve uma vida intensa e com uma dose de sofrimento também.
      Gosto muito da poesia dela.

      Bom finde também para ti. Bejitos

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  2. Respostas
    1. É um filme interessante, na medida em que nos aproxima um pouco da pessoa que foi Florbela e não só a poetisa que admiramos. Sabe que inicialmente parecia-me que a Dalila Carmo não tinha nada a ver com o papel e afinal gostei imenso de a ver.Claro que é opinião de simples espectadora, mas achei-a muito bem no papel.

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  3. Não vi o filme.
    Florbela é uma mulher que viveu fora do seu tempo, claro, e as asas dela, a sua sede de absoluto não cabiam nesse espaço, acho.
    Dizia Nietsche: "só pode amar o abismo quem tem asas" (seria assim?)
    Um beijinho e bom fim de semana!

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    1. Mudou o visual! Gosto.

      O filme está em exibição e ao mesmo tempo anda nesta espécie de digressão pelo país. Se puder veja-o. Acho que vai gostar. Também acabará por aparecer em video, mas no ecrã grande é mais bonito.
      O realizador também fez uma série de poucos episódios ( acho que são 4 )para a televisão, que vai passar em breve.

      Florbela era em tudo uma mulher diferente, fora do seu tempo, avançada, mas isso também lhe trouxe muito sofrimento. É sempre assim não é? Com as pessoas diferentes.

      A frase é...nem sei
      "Só pode amar o abismo quem tem asas". Creio que sim...

      Um beijinho e um bom fim-de-semana também para si Maria João

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  4. Olá Isabel,
    Excelente post sobre uma mulher sofrida, uma poetisa extraordinária. Eu "devoro" os seus poemas.
    Ainda não vi o filme. Tenho pena...
    Bjs.

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    1. Ogigada Teresa
      Também gosto muito da poesia da Florbela Espanca.
      Se puder veja o filme porque vale a pena.
      Um abraço e um bom fim-de-semana com boas leituras!

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  5. muito boa poeta De Florbela Espanca! ecom esta descriçao do film, me dà vontade de ver, mas aqui nunca vai chegar...
    beijos querida Isabel, o Sabado està passando:)))

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    1. Tenho pena que não o possa ver. Quem sabe, ainda vá ter oportunidade, talvez até em video...
      É bonito.
      O sábado está quase no fim.
      Um beijinho

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