sábado, 29 de março de 2014

"À Deriva" entre livros e poemas



     Quando vagueamos à deriva entre os expositores de uma livraria, uma das coisas que pode atrair-nos ou repelir-nos é a capa dos livros.
     Há capas tão bonitas, que apetece só por isso, trazer o livro para casa, mesmo que depois se revele uma desilusão, e vice-versa: capas horrorosas às vezes escondem bons livros, que nos surpreendem.

     Mas gostos são gostos! Seja nas capas ou no conteúdo dos livros!

     Esta é uma capa que eu acho muito bonita, quer o grafismo, quer o título.
À Deriva, um livro de poemas de Maria José Areal cuja capa é pormenor de "Sem Título" de Luís Carlos Areal.

                                                                            
 
 
Janelas de Esperança
 
Abram-se as janelas
Da esperança!
 
Neste tempo de desilusão
O mundo entulha-nos
Com pactos de desgraça,
Ondas de desdém,
Ventos de cobiça
Arremessando a esperança
Para o universo do sonho.
É o desamor
Que assola este tempo
No tempo de todos nós.
 
A criança caminha
Sem rumo certo,
O jovem não vê
As coordenadas do caminho
Os homens e as mulheres
Procuram na noite o abrigo
Para tamanha dor.
 
A incerteza cultiva a desgraça
E...não sabemos por onde ir.
 
Abram-se as janelas da esperança!
 
Pág.21
 
 

14 comentários:

  1. Dantes, Isabel, pelo menos, o autor da obra tinha direito a escolher, ou vetar o grafismo da capa - era uma prerrogativa inalienável, de que raros abdicavam.
    Era uma vantagem: dava para perceber, de imediato se o prosador ou poeta tinha, ao menos, sentido estético e bom gosto.

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    1. Muitos livros antigos têm capas muito bonitas (gosto das capas dos livros mais antigos, que tenho), mas hoje há de tudo: há capas bonitas, mas também há muitas que são "foleiras"! Mas claro, há gostos diferentes e se fazem essas capas é porque vendem. Já li alguns livros que me passaram despercebidos, porque nem sequer lhes peguei por não gostar da capa e depois acabei de ler porque mos recomendaram.

      Eu, se fosse escritora, não deixaria sair nenhum livro sem a minha aprovação quanto à capa!

      Bom fim-de-semana! Voltou o frio e a chuva...

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  2. Um poema muito actual.. Andamos cada vez mais à deriva!
    Haja esperança, muita esperança!
    A capa da autoria do filho de MJA, é composta por grãos de café...

    Bom domingo.:))

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    1. Também achei, Cláudia! E a esperança é cada vez mais sumida!
      Enfim...

      Relacionei o nome, claro, mas até pensei que fosse marido: um casal de artistas. Afinal é filho...já viu a obra? Achei interessante que dissesse que são grãos de café, porque nunca imaginaria. No entanto, depois de o dizer, vê-se que são grãos.
      O filho de MJA é artista ou foi apenas uma obra de amador? Achei interessante!

      Bom fim-de-semana, Cláudia e obrigada mais uma vez por me dar a conhecer MJA.

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  3. É bom andar à deriva com livros! essa deriva não me importa... Tens razão sobre as capas: podem trair-nos por vezes ou afastar-nos. Mas nada como abrir o livro, ler umas frases & etc, logo vemos se nos interessa apesar da capa, ou por causa da capa...
    beijinhos e bom repouso!

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    1. Achei-lhe graça! Essa deriva também me agrada!

      Tem razão quando diz que nada como abrir o livro, mas às vezes na livraria há tantos livros expostos, que acabamos por pegar nos que nos dizem mais, ou pelo autor, pela capa, porque já se ouviu qualquer coisa sobre ele...mas muitos escapam-nos...

      Um beijinho grande :)

      (Por acaso preciso de descanso. Chego de rastos ao fim da semana! Estou velha! Os petizes são cada vez mais difíceis! Falam, falam, falam...chego moída ao fim da semana.
      Quem é que vai conseguir dar aulas até aos 65?... De bengala e aparelho nos ouvidos!
      Enfim, vamos esperar para ver...)

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    2. Não estás nada velha! Até porque tu nunca o serás... Os livros vêm ter connosco mais tarde ou mais cedo! beijinhos e descansa mais um bocadinho: ainda é domingo!

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    3. Muito obrigada, Maria João, é tão querida!

      Isso é verdade...os livros às vezes vêm mesmo ter connosco. Já me aconteceu mais do que uma vez, que um livro que queria muito me chega às mãos quando menos espero... e é uma alegria!

      Um beijinho grande :)

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  4. À deriva, sem dúvida! Parece que a escolha, quer tenha sido pelo título, quer tenha sido pela capa, não foi má. :) Eu já escolhi livros pelo título e já deixei de os comprar quer pela capa, quer pelo título.

    Bom resto de fim-de-semana. Bj

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    1. Também já me aconteceu deixar de comprar pela capa ( pirosa até dizer chega! Nem lhes pego.), mas depois alguns até comprei, porque mos recomendaram. O título também já me atraiu até muitos livros, mas folheio-os e nem sempre compro.
      Que a primeira impressão pode ou não ser um chamariz, lá isso é de certeza.

      Bom domingo para ti também, Deep!

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  5. Sem dúvida. A capa é só o invólucro e por vezes pouco tem a ver com o conteúdo.
    Não pude deixar de ler o comentário que refere o desgaste do trabalho com crianças. Só quem não sabe nada de Educação pode imaginar que alguém pode desempenhar cabalmente um papel desses, nos dias de hoje, até aos 65. Está tudo doido e a Esperança, só por si não resolve problemas reais. Talvez seja necessário maior e melhor participação das pessoas na vida social do país.

    Um beijo

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    1. É verdade Lídia, é impensável, uma pessoa com 65 anos ou mesmo menos aguentar o ritmo de uma turma (falo do 1ºciclo) e ainda do trabalho que se traz todos os dias para casa. Quem faz as leis e os programas não se interessa minimamente pelo que se passa. Só querem no final do ano números positivos e de resto, os professores que se "desenrasquem"! É um absurdo!

      Vamos andando e vendo até quando se aguenta o barco sem afundar completamente...

      Um bom domingo para si, Lídia!

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  6. Às vezes, a ousadia faz acontecer.
    "À Deriva" não é apenas e tão só um título. Assume mesmo o deâmbular, sem regras estabelecidas, quando em nós há espaços de tudo ou de quase nada.
    Nesse, à Deriva, procuramos o reencontro de nós no tempo, no espaço e e nos outros. Depois, somos tentados a desenhar as palavras para um poema que seja capaz na mensagem, o grito que sufocamos, a gargalhada que não fizemos acontecer, o abraço reclamado...
    Obrigada por falarem do poema, do livro... O meu filho não é artísta plástico... foi um tempo de descoberta de si.
    Grata a todos e a si, Cláudia, do coração.
    M. José Areal

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    1. À deriva é um título muito belo e assim explicado é-o ainda mais. Calculei que fosse um pouco isso: à deriva pela poesia, para quem escreve e para quem lê.

      Eu é que lhe agradeço a sua presença!
      Gosto dos seus livros, que conheci através da Cláudia, e gostei deste trabalho da capa. Afinal o seu filho escolheu outro caminho, que não o de artista plástico...

      Muito obrigada por ter passado por aqui!

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