Nesses dias distantes eu vagueava pelas matas
enchia a espingarda de chumbo e disparava
contra o silêncio das árvores altas
só para assistir ao espectáculo dos pássaros
em debandada
Experimentava uma exaltação - de que tenho hoje pudor
perante imagens que partem:
fragmentos rápidos, passagens, segredos que se apagam
nesses dias distantes nem suspeitava
a vida pode ser interminável
O que deixaste abandonado regressa - aprende-se depois
quando, por exemplo, a esquecida infância se parece
com certos cães deixados de propósito a muitos quilómetros
que ladram não se percebe como
à porta da velha casa
A Noite Abre Meus Olhos, pág.145
José Tolentino Mendonça
Assírio & Alvim
Árvores Perto do Lago Triveaux , 1916
Matisse
Gostei, vou ler mais em google. O quadro...roubei-o.
ResponderEliminarBeijos
Fizeste muito bem! Podes roubar o que quiseres. É teu!
EliminarTu ainda pintas ou já não? Gostava muito de ver uma pintura tua.
Um beijinho grande
Uma boa escolha de um bom poeta.
ResponderEliminarE o Matisse não desmerece.
Muito obrigada, APS. Fico contente que tenha gostado.
EliminarUm abraço
Belo em noites claras
ResponderEliminarSe o Mar Arável o diz...
EliminarObrigada pela visita.
Um abraço
Muito bonito tudo querida Isabel!
ResponderEliminarMuito obrigada Maria João, por gostar das escolhas.
EliminarUm beijinho grande