terça-feira, 10 de setembro de 2013

Hino À Razão


                                                                            
 
Da Série Capricho nº43 « O Sonho da Razão Produz Monstros »
Água-forte e água-tinta
 
Explicação desta estampa no manuscrito do Museu do Prado: A fantasia desligada da razão produz monstros impossíveis: aliada a ela, é a mãe das artes e a origem das maravilhas.  | Manuscrito da Biblioteca Nacional: Capa desta obra: quando os homens não ouvem o grito da razão, tudo se converte em visões.
 
 
 
O sonho da razão
Goya recupera o género dos "sonhos", muito difundido na época medieval e retomado por Quevedo no séc.XVII. Concebia o produto da sua imaginação como sonhos que explicavam o absurdo e a irracionalidade do homem da sociedade a que pertencia, e pretendia dar exemplo e sólido testemunho da verdade. Mostra-nos uma sociedade que não se adapta aos novos tempos, à mercê de mentes obscurecidas e confundidas por falta de discernimento ou acaloradas devido a paixões desenfreadas. Através do sonho libertado da razão apresenta-nos todo o tipo de monstros e de animais que simbolizam o mal, os vícios humanos, a superstição, a bruxaria e a loucura de uma sociedade desgovernada.
 
 
Imagem e texto retirados do catálogo da exposição Francisco de Goya, Caprichos | Desastres da Guerra | Provérbios,  que esteve patente ao público no Centro Cultural de Cascais de Junho a Setembro
 
 
 
 

Hino À Razão
  
Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
 
 
Antero de Quental
 
                                                                                                                

10 comentários:

  1. Gostei desta associação.
    Boa noite!

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  2. Só a razão nos distingue dos animais, e o comportamento deles é muitas vezes superior ao nosso moralmente, assim que está tudo dito, não usamos a razão, mas sim os instintos mais rasteiros de que somos capazes. Às vezes!!
    Tudo bem?
    Um grande beijo

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    1. Tens razão Maria.
      Este é um tema muito interessante.
      Os animais não fazem mal gratuitamente, apenas por defesa ou para se alimentarem, mas os homens são capazes das maiores atrocidades, gratuitamente, pelo prazer de se sentirem superiores.
      Bem, é um tema que não acaba.

      Está tudo bem, ou vai-se fazendo por isso!
      Mandei-te um mail com a história, viste?
      Um beijinho :)

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  3. Gostei muito! O soneto do Antero é muito bonito e muito verdadeiro. Os desenhos de Goya são muito bons. Ainda não fomos ver a Exposição...
    beijinhos

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    1. Que bom que gostou Maria João!
      Esta exposição creio que já terminou, há poucos dias. Era para ter colocado o post há mais tempo, mas fui adiando...
      Mas a da Maria Keil continua até Outubro e vale muito a pena!

      Um beijinho (espero que já esteja recuperada!) :)

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  4. Sonho e razão - ambos importantes.
    Uma pitada de um, uma pitada de outro (q.b.)... é o ideal.

    O poema de Antero de Quental é belíssimo! Muito bem "casado" com o quadro de Goya.

    Interessante e bonito post.

    Um beijinho.:))

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    1. Muito obrigada, Cláudia.
      Fico contente que tenha gostado. É um poema muito bonito.

      Um beijinho e um bom dia de trabalho! :)

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