Foi no Blogue Sobre o Risco e com Manuel Poppe, que aprendi a beleza e a riqueza da escrita de Irene Lisboa.
Muito obrigada.
"Eu amarei a vida, talvez ao invés dos outros... Acho-a cheia de incoerências, pobre, madrasta, mas apesar disso vou esperando sempre...
Se eu ainda espero, se ainda tenho esta tenaz e incerta sensação de esperança, de desejo, é porque de todo não renego nem maldigo a vida.
Serei uma insatisfeita. Sim, a insatisfação é em mim uma espécie de espinho permanente." (pág.15)
"Como o tempo passa...ou por outra, como nós o deixamos gastar-se, tornar-se delgado e sem conteúdo!" ( pág.32)
"Mas aconteceu-me, como já me tinha acontecido, faltar-me o ar. Mas não é o ar que se respira, é o espaço!" (pág.48)
"Falava-nos do prazer da companhia dos outros homens e ao mesmo tempo da solidão de cada espírito, que nunca encontra em outro o seu perfeito desdobramento, o seu complemento..." (pág.61)
"Que limites tão estreitos tem o mundo! O mundo não é mais que quatro paredes, que se transportam connosco; um lugar sempre fechado. Oiço daqui o som das horas e só me admiro de que elas se vão sucedendo. É uma banalidade que me choca." (pág.73)
"Doce solidão...Uma tranquilidade! Uma limpidez! A pura alma da manhã. Uma real harmonia pré-estabelecida. O espírito do bosque plasmava-se subtilmente com o nosso. O bosque vivia...e convidava-nos à simplicidade, à virginização." (pág.90)
"Ia andando por aqueles caminhos a reprimir os soluços. Queria amar fosse o que fosse e enternecer-me. Queria oferecer a entes que me não repelissem a exalação daquela dor, do mal que sentia, mais suave que tumultuoso, mas tão amargo!
...Chorava por achar o mundo sem sentido...Chorava por mim, por estar triste, nem eu sei porquê!" (pág.96/97)
"Somos uns náufragos! Naufragados, perdidos no tempo..." (pág.105)
"...Que escrever é exactamente isso, carregar no coração sem o violentar. Fazê-lo abrir!" (pág.135)
"Mas porquê este retorno desgraçado, esta moinha sem descanso do coração e do espírito? Fechar portas, quem pudesse! Passar e fechar portas, andar sempre para a frente. Era bom. (pág.191 )
As citações foram retiradas do livro Solidão, de Irene Lisboa
Portugália Editora
Isabel, é uma alegria imensa saber que levei alguém até à leitura da nossa maior escritora contemporânea -um génio indecentemente silenciado.
ResponderEliminarA escolha das frases que cita, admirável e significativamente ilustradas, é estupenda.
Um grande abraço!
Muito obrigada Manuel pela sua generosidade, pelas suas palavras e por me ter levado a ler esta escritora admirável (á estou a ler "Começa uma vida").
EliminarUm beijinho grande e desejo-lhe um bom dia
o livro TODO deve ser muito bom, gostei e tbem das fotos.., sabe eu retirei o que tinha posto pqe achei triste demais...beijos querida Isabel
ResponderEliminarÉ muito bom sim Myra. É de uma grande escritora portuguesa.
EliminarNão era triste, mas este que deixou é mais bonito.
Um beijinho e bom domingo
Isabel querida! Gostei! O teu post é muito belo e a tua compreensão profunda desta escritora revela a tua sensibilidade, sempre à flor da pele.
ResponderEliminarImagens que são o espelho do que citas dela, tão doloroso. Lindas imagens!
Boa leitura do Começa uma vida!
Bom domingo e beijinhos
Que bom que gostou Maria João. Fico muito feliz com o que diz, porque também gostei muito do livro.
EliminarMuito obrigada.
Um beijinho grande e um bom domingo (para si e para o Manuel)
Gostei do que li. Vou procurar o livro por aqui.
ResponderEliminarBjos
Ainda bem que gostou Catarina. Se não encontrar este, talvez encontre outros dela.Oxalá encontre porque vale a pena conhecer.
EliminarUm abraço e boa semana
Já passei, de longe, por esta sua casa virtual, mas nunca bati à porta. Hoje não pude deixar de o fazer, uma vez que Irene Lisboa é uma escritora e poeta de que também muito gosto, em especial do livro que cita.
ResponderEliminarSobre "Solidão", Luísa Dacosta, outra escritora de primeiríssima água e amiga de Irene Lisboa, escreveu: "E havia tanta originalidade naquele teu livro, ainda hoje, diário sem paralelo! Feito de apontamentos, de reflexões, conversas, cartas que não foram enviadas, queixas, queixas de mulher." e "E no entanto o teu confessionalismo não era nem confidente nem desbocado. Captava só o mais dramático, o mais fugidio, o quase indizível" (Luísa Dacosta, "Na água do tempo: Diário").
Boas leituras!
Também já fui ver o seu blogue mais que uma vez, quando às vezes no blogue da UJM faz referência a alguma coisa que a Matéria dos Livros escreveu ou colocou. Gostei sempre do que li.
EliminarTambém já li o livro da Luísa Dacosta e gostei muito. Mas li-o há tantos anos. Pela data que pus no livro, comprei-o e li-o em Julho de 93. É uma edição de 1992 da Quimera. Nem me lembrava que o tinha e que o tinha lido.
Muito obrigada pelo seu comentário e pela sua visita.
Uma boa semana
Parabéns Isabel pelo seu belo post!.
ResponderEliminarGostei muito das citações que escolheu do livro "Solidão".
Só uma pessoa de grande sensibilidade sente e vive dessa maneira a "sensibilidade" dos outros, como a Isabel o fez.
Todos nós já sentimos a solidão, mas esta escritora define-a com tanta precisão que sentimo-la como se fosse de nós próprias."...Quem pudesse fechar portas e andar sempre para a frente..." etc.
Este post está lindíssimo, e muito bem ilustrado com fotos a (nove dimensões) a dar uma sequência aos estádios de alma da escritora, quase real. Muito bom!
Mais uma vez obrigada por esta partilha, neste Domingo.
Um Beijinho
Muito obrigada Maria Eduardo por ter gostado.
EliminarE fico muito contente por ver que mais pessoas com quem vou "conversando", gostam tanto de Irene Lisboa.
Um beijinho e uma boa semana
A Vida é, de todos os milagres, o mais espantoso.
ResponderEliminarUm conjunto de fotos perfeito para ilustrar o texto de Irene Lisboa sobre o Homem, e a sua viagem na terra.
Um beijo
Muito obrigada Lídia.
EliminarO Homem e a sua viagem na terra, tão bem descrita por Irene Lisboa.
Um beijo
Olá Isabel,
ResponderEliminarIrene Lisboa era uma escritora de rara sensibilidade e uma mulher também múltipla, que escreveu com uns quantos pseudónimos, uma mulher incómoda no anterior regime. O seu Solidão é um livro sem tempo.
Achei curiosas as fotografias que escolheu para juntar ao texto: uma grande árvore, de profundas raízes, uma grande árvore junto a um gradeamento. Acho que simboliza bem o espírito de Irene Lisboa ao escrever o seu Solidão.
Gostei muito.
Um beijinho, Isabel.
Muito obrigada UMJ, por gostar.
EliminarIrene Lisboa deve ter sido uma mulher extraordinária e uma grande escritora que está infelizmente esquecida. Cheguei até ela , tal como a outros grandes escritores portugueses igualmente esquecidos, pela mão do meu amigo Manuel Poppe do Blogue Sobre o Risco (onde tenho aprendido imenso). É uma pena que não se divulguem e que as editoras não se interessem por estes nomes. As pessoas não os lêem porque não conhecem e quando se conhecem, muitas vezes não se encontram os seus livros.
Da Irene Lisboa comecei a ler "Começa uma vida" escrito sob o pseudónimo de João Falco.
Um beijinho e obrigada UJM
Passemos nós por elas,
ResponderEliminarjá que nossa vida se chama estrada.
Que a vida não nos atravesse,
nos pondo do lado direito ou do esquerdo da rua.
Passe por ela,
como as nuvens,
a fazer chuva em outro canto do mundo.
bjs meus amiga,
Lindo.
EliminarE é pela estrada que temos que caminhar e não fora dela, à margem da vida.
Sempre caminhando.
Um beijinho especial
Irene Lisboa, um dos grandes nomes da nossa literatura.
ResponderEliminarAinda vai sendo lida, mas a procura fica muito aquém do que esta escritora merece.
Já foi capa de um dos catálogos da Lumière...
Isabel, existe perfeita harmonia entre os excertos de Irene Lisboa sobre a solidão, a árvore com as suas raízes e ramos e o gradeamento. Este post está repleto de simbolismo.
Excelente combinação.
Beijinhos.:)
Muito obrigada Cláudia, por gostar.
EliminarAinda bem que Irene Lisboa vai sendo procurada e felizmente que a Cláudia sempre nos descobre o livrinho que lhe pedimos. É bom, porque doutra maneira não conseguimos ler muitos autores, que não se encontram.
Um beijinho e uma boa semana
Lembro-me de Irene Lisboa de livros da infância. Outros escritos não conhecia, confesso. Com os excertos que transcreveu, fico com vontade de ler a obra inteira e mais - quem sabe?!
ResponderEliminarBoa semana. :)
Tem muito mais obra que para a infância. Eu também estou a ler mais, porque este livro deixou-me essa vontade.
EliminarAinda bem que gostou.
Um abraço
Acho que Irene Lisboa é uma escritora para ser já com uma "certa" idade. :)
ResponderEliminarEu também li os livros dela ditos para a infância, mas não gostei na altura. Voltei a lê-la as 40 anos e gostei, é outra coisa.
Isabel, acha que os miúdos gostam (ou gostavam) dos livros dela?
Não me lembro se li algum livro dela, dos tais ditos para a infância e juventude. O título "Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma", não me é estranho. Talvez até já o tenha lido, mas não me lembro. Na verdade eu só agora prestei verdadeira atenção ao nome de Irene Lisboa, porque este primeiro livro que li me agradou. Talvez tenha mesmo a ver com a idade. E tenho vontade de ler mais.
EliminarJá que me faz essa pergunta, vou tentar ler alguma coisa para a juventude e infância, e depois ainda conversaremos. Fiquei com vontade de os conhecer.
Boa tarde!
Um post muito bem conseguido.
ResponderEliminarParabéns, Isabel!
Muito obrigada AC
EliminarFico contente que tenha gostado
Um abraço