quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Vendo A Morte:

Em tudo vejo a morte! e, assim, ao ver
que a vida já vem morta cruelmente
logo ao surgir, começo a compreender
como a vida se vive inutilmente...

Debalde (como um náufrago que sente,
vendo a morte, mais fúria de viver)
estendo os olhos mais avidamente
e as mãos prà vida...e ponho-me a morrer.

A morte! sempre a morte! em tudo a vejo
tudo ma lembra! e invade-me o desejo
de viver toda a vida que perdi...

E não me assusta a morte! Só me assusta
ter tido tanta fé na vida injusta
...e não saber sequer pra que a vivi!


Manuel Laranjeira



A Porta para a Liberdade
René Magritte
                                                                                        
                                                                         

6 comentários:

  1. Quanta dor e amargura neste poema de Manuel Laranjeira!
    Pouco penso na morte, mas não tenho medo. Só espero que não tenha pressa em aparecer...
    Quero ir a Castelo Branco antes...
    (foi para descontrair, mas é verdade!)
    Beijinhos

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  2. Descobri agora a poesia dele e parece-me que é uma característica dele. Mas gosto da poesia e do que escreveu.
    Tenho mais uns poemas de que gostei, para colocar aqui, mas são todos tristes ou depressivos.
    Também não tenho medo da morte, mas tenho muito medo do sofrimento.
    Espero andar por cá, com lucidez e independente, até aos 99.

    Bom, também espero que venha cá antes, muitas e muitas vezes, sim porque como vamos as duas até bem velhinhas...

    Um beijinho grande

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  3. Este, custei a comentar, é muito triste. Acredito que temos de lutar contra a amargura, ela nos mata por dentro e nos deixa viva por fora.

    bjs meus

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  4. É triste e faz-nos pensar que a vida tem que ser bem vivida, aproveitada...
    Apesar da tristeza da poesia, que é também reveladora da maneira de ser de Manuel Laranjeira, gosto dos seus poemas.
    Um beijinho e obrigada por ler e comentar apesar da tristeza.

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  5. Terrível destino, não é? Tão novinho!
    Talvez a Porta para a Liberdade lhe tragam a ele a calma e a beleza...
    beijinhos

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  6. Boa noite Maria João
    É verdade. Morreu tão novo, e um homem tão inteligente e com tanto para dar. Há pessoas que parece que nunca se conseguem adaptar à vida. Normalmente pessoas muito inteligentes.

    Talvez, tenha encontrada essa calma para lá da Porta da Liberdade.

    Um beijinho grande e um bom fim-de-semana.
    Se for espreitar a praia olhe o mar por mim...

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