Mostrar mensagens com a etiqueta Nadir Afonso. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Nadir Afonso. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Parabéns!


Para a Maria João...


Com este post que fiz
Quero deixar um desejo
Que tenha um dia feliz
No seu amado Alentejo!


                                                                               
 
Orfeão de Portalegre
 
                                                                                 

Domingo no Alentejo

Quase alegre, quase,
Quase triste, quase,
Não sei onde, algures, em qualquer taberna,
Qualquer simples, terna,
Banal concertina
Mói teimosamente sempre a mesma frase.


Recomeça, insiste, - alegre ou triste? - insiste.
Nunca mais termina...


Pobre e cristalina,
Popular, vulgar,
Nada tem a frase de particular.
Mas, lançada à branda brisa vespertina
Que ma traz,
Distante,
Quase alegre, quase,
Quase triste, quase,
Não sei por que algures, essa concertina,
Resignadamente, mói a mesma frase.


Vai a ir adiante,
Logo torna atrás...


Como uma saudade que nem é de nada,
Mas é bem saudade, seja do que for,
Como uma chuvinha plácida, obstinada,
Que miudinha invada
Tudo de em redor,
Não sei com que lúbrica e subtil magia,
Quase alegre, quase,
Quase triste quase,
Me penetra todo de melancolia,
Me desfaz em como pura nostalgia,
Me possui, me dói,
Dói gostosamente, é quase gosto, dói,
Essa renitente, persistente frase...


Renitente frase
Pobre e cristalina,
Que na sombra, algures, qualquer concertina,
Resignadamente,
Diabolicamente,
Mói, e mói, e mói,
Quase alegre, quase,
Quase triste, quase...


José Régio, Colheita da Tarde, pág.81
Brasília Editora


                                                                                  
 
Portalegre vista por:
 
 
Arpad Szenes
Tapeçaria

 
Frederico George

 
Nadir Afonso