Fui ver, ao Cine-Teatro Avenida, Florbela de Vicente Alves do Ó.
Adorei o filme e para enriquecer a noite de cinema, a presença do realizador, que com disponibilidade e simpatia respondeu a um número razoável de perguntas, colocadas por alguns espectadores.
Foi uma sessão de cinema muito interessante.
" Num Portugal atordoado pelo fim da I República, Florbela (Dalila Carmo) separa-se de forma violenta de António ( José Neves). Apaixonada por Mário Lage (Albano Gerónimo), refugia-se num novo casamento para encontrar estabilidade e escrever, mas a vida de esposa de província não é conciliável com sua alma inquieta. Não consegue escrever nem amar. Ao receber uma carta do irmão Apeles (Ivo Canelas), oficial da Aviação Naval e de licença em Lisboa, Florbela corre em busca de inspiração perto da elite literária que fervilha na capital. Na cumplicidade do irmão aviador, Florbela procura um sopro em cada esquina: amantes, revoltas populares, festas de foxtrot e o Tejo que em breve verá o irmão partir num hidroavião. O marido tenta resgatá-la para a normalidade, mas como dar norte a quem tem sede de infinito? Entre a realidade e o sonho, os poemas surgem quando o tempo pára. Nesse imaginário febril de Florbela, neva dentro de casa, esvoaçam folhas na sala, panteras ganham vida e apenas os seus poemas a mantêm sã. Por isso, Florbela tem que escrever! Este filme é o retrato intímo de Florbela Espanca: não de toda a sua vida cheia de sofrimento, mas de um momento no tempo, em busca de inspiração, uma mulher que viveu de forma intensa e não conseguiu amar docemente."
Retirado da agenda cultural da Câmara municipal de Castelo Branco
Os Versos Que Te Fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem para te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim para te oferecer.
Têm dolência de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
Onde quer que eu esteja, em qualquer lugar
na Terra, escondo dos outros a certeza de
que n ã o s o u d a q u i.
Como se tivesse sido enviado para absorver
o máximo das cores, sons, cheiros, sabores,
provar de tudo o que é
reservado ao Homem, converter o vivido
num registo mágico e levá-lo para lá, de onde
parti.
Czeslaw Milosz
Alguns gostam de poesia - Antologia
Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska, pág.97
cavalo de ferro
" A arte indígena australiana é possivelmente a mais antiga do mundo. Séculos antes da colonização europeia. o povo indígena australiano utilizava já várias formas de arte, como a escultura, a talha em madeira, as pinturas corporais, a pintura em casca de árvore e, claro, as pinturas rupestres. Uma pintura recentemente descoberta numa gruta no norte da Austrália mostra uma grande ave da espécie GEN YORNIS - extinta há mais de 40000 anos.
(...)
...a arte indígena australiana não é concebida a partir de um tema perceptível, não se aplicando tão-pouco a ela a noção ocidental de estética, nem o desejo do artista de comunicar emoções, pensamentos, observações ou comentários de uma forma individual. Segundo a tradição indígena, um artista apenas está autorizado a retratar as imagens e as histórias às quais tem direito pelo nascimento, descrevendo imagens enraízadas no conceito conhecido como "Sonho" [Dreamtime ou Dreaming], que se refere a uma era sagrada em que os espíritos ancestrais criaram o mundo e constitui um elo com os seus antepassados.
As Ilhas do Estreito de Torres formam uma parte integral, porém distinta da cultura indígena australiana, incluindo-se os artistas que integram esta mostra - Alick Tipoti, Dennis Nona, Solomon Booth e Victor Motiop - entre os mais imaginativos e estilisticamente estimulantes de uma jovem geração de criadores.(...) "
Retirado da Agenda Cultural da Câmara Municipal de Castelo Branco
A exposição está patente ao público até dia 29 de Abril.
Fui ver.
Gostei.
Ainda deu para dançar um bocadinho.
"Fundados em 1999 por Paulo Furtado, os Wraygunn editaram três álbuns que marcaram a primeira década deste século, entre 2001 e 2007.
(...)
2012 marca o regresso dos Wraygunn aos discos, depois de um intervalo maior do que o habitual (...).
Produzido por Nelson Carvalho e Paulo Furtado , "L'Art Brut" retoma o caminho dos anteriores discos dos Wraygunn: a constante renovação do legado do Rock'n'Roll através da exploração da sua relação com a mais profunda música negra norte-americana, numa atitude que, sem nunca ser revivalista, bebe no passado para apontar o futuro, e da qual resulta um som próprio embora universal, intemporal e perfeitamente identificavel."
Retirado da Agenda Cultural da Câmara Municipal de Castelo Branco
Gostei muito de colocar o Desafio e das respostas que deixaram. Tantos livros, tantos gostos diferentes.
Quero agradecer a simpatia de terem colaborado.
Muito obrigada.
Um dia tão feliz.
O nevoeiro levantou cedo, eu trabalhava no jardim.
Os beija-flores pairavam sobre a madressilva.
Não havia na terra coisa que eu quisesse ter.
Não conhecia ninguém digno da minha inveja.
O que houvera de mal, já tinha esquecido.
Não tinha vergonha de me lembrar que tinha sido quem fôra.
No meu corpo nada doía.
Endireitando as costas, via as velas e o mar azul.
Czeslaw Milosz
Alguns gostam de poesia - Antologia
Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska, pág.69
cavalo de ferro
Acabei de ler, há dias, Vento Suão, o último livro de Rosa Lobato de Faria. Um livro inacabado.
Conheci a escrita de RLF há cerca de dois anos, através dum amiga que gostava muito dos seus livros. Li O Sétimo Véu , A Alma Trocada , Os Pássaros de Seda... Na altura comprei mais uns quantos, incluindo um infantil, que ainda não li.
Conhecia a Rosa Lobato de Faria das novelas e sabia vagamente que ela escrevia, mas os seus livros nunca me tinham despertado curiosidade. Depois de ter lido o primeiro fiquei admiradora. Vento Suão é um livro diferente dos outros que li. A escrita não me pareceu a mesma dos outros livros (talvez a autora ainda o modificasse) , de qualquer forma gostei da leitura.
"...E mais galhofa, mais risos como só é possível aos oito anos, como só é possível quando os males do mundo ainda não fizeram mossa, nem nas consciências, nem nos corações. " ( pág. 45)
"...A morte era tão estranha! Subitamente aquele vazio, aquele buraco negro, aquela muralha a tapar o futuro. Assim de repente. Sem remédio." ( pág.143)
"...Como é que se explica a dois miúdos de nove e sete anos que o pai partiu para sempre, que não volta nunca mais? Como é que se fala da morte a quem só conhece a vida?" ( pág.144)
"...Aqui fica, pois, este Vento Suão tal e qual Rosa Lobato de Faria o deixou. E como derradeira homenagem a uma escritora cuja obra teve como eixos fundamentais « a força da vida, o conhecimento profundo da realidade e do meio em que se agitam os seus fantoches ficcionais, o domínio das minúcias, o fôlego narrativo, a irrupção imparável de um vento negro de violência que impõe uma aura de tragédia intemporal ao que parece quase inócuo.» "
Hoje é o Dia Internacional do Livro Infantil.
Não me lembrava da data, que vi assinalada num post do blogue Prosimetron.
Deixo também aqui o meu apontamento, referindo um livro de que gosto muito e que já tem uns anos: A Bomba e o General de Umberto Eco e Eugenio Carmi.
Conta a história de um general muito arrogante e mau que ficou sem trabalho quando a guerra acabou ( por causa duns átomos que se revoltaram e fugiram das bombas onde estavam encerrados).
Então foi trabalhar como porteiro num hotel ( para aproveitar a farda) e aí já ninguém o reconhecia e não tinham medo dele.
É uma história engraçada que gosto de ler e explorar com os alunos, porque o assunto é sempre pertinente - o apelo à paz.
Ontem mandaram-me este video por mail.
Já o conhecia. Já o tinha recebido há meses, antes de ter o blogue ( parece-me que os mails vão dando a volta ao mundo e quando chegam ao fim começam outra vez e assim sucessivamente...).
É um video interessante.
Vale a pena perder uns minutos a ver.
Sobre ARTE.