quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Camilo Pessanha

Floriram Por Engano as Rosas Bravas


Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor! - do céu,
Sobre nós dois, sobre nossos cabelos?






Ser e Ter - parte 9





terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ser humano


     "Então, o que significa ser humano? Tem que decidir sozinho, mas aqui está o  que aconselho.
     (...)
     Depois olhe a outra pessoa nos olhos. Vai encontrar um ser humano que é carinhoso e vulnerável, alguém que procura segurança, felicidade e amor. Vai encontrar alguém que é capaz de uma compaixão unívoca e grandiosa e alguém que pode estar muito centrado em si mesmo. Vai encontrar alguém que foi magoado e que, por sua vez, magoou os outros. Vai ver um hipócrita, uma criança, um orfão, um guerreiro e um herói. Vai ver alguém que quer mais amor. E, se olhar com atenção para os olhos da outra pessoa, vai ver a alma dessa pessoa. Depois, vai descobrir o que sempre soube sobre a sua própria humanidade."

Retirado de Aprender com o coração de Daniel Gottlieb, pág.174
 

Escultura de Ron Mueck
                                                                                

Ser e Ter - parte 8





                                                                               

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pink Floyd

Confundi os nomes destas duas músicas, já com uns anitos.
Fui verificar e gostei de as ouvir.
"Time" e "Another Brick in the Wall", as duas dos Pink Floyd. Já não as ouvia há muito tempo.
Aqui ficam para recordar.



                                                                                

                                                                                

A osga

Tenho andado para contar a história da osga, já que falei dela...
Há uns anos estive a trabalhar em Alpedrinha, uma vila aqui próxima. Nesse ano tinha apenas alunos do 1º e 2º anos, uma turma pequena.
Não me lembro exactamente o mês, apareceu, um dia à tarde, uma osga no parapeito da última janela da sala.
Penso que foi depois do almoço. Dava sol na janela e ela ali ficou quietinha.
Era grande, gorda, bonita (para uma osga! ).
Os alunos, primeiro fizeram algazarra, mas depois sossegaram e  deixaram a osga em paz, esquecendo-a rapidamente.
Durante vários dias, lá aparecia ela mais ou menos à mesma hora.
Aparecia sem ninguém dar conta e desaparecia da mesma maneira. Sempre havia um bocadinho para a admirar, quando algum aluno descobria que ela tinha chegado.
A D. Adelaide, a empregada da escola é que não achava graça e dizia que quando a apanhasse  a matava.

- D. Adelaide, não se atreva a matar o bichinho que não faz mal a ninguém. Chateio-me com a senhora...
(Lá lhe explicava que não é venenosa).
Mas a D. Adelaide saía da sala pouco convencida.

Depois a osga deixou de aparecer.

-D. Adelaide, matou-a...
Primeiro negou, mas acabou por confirmar o que eu desconfiava.
Fiquei com pena. E um bocadinho zangada com a D. Adelaide. Mas ela na sua teimosia não entendeu que não só não é venenosa, como é útil, porque come muitos insectos.

Há um equilíbrio na natureza que nós acabamos sempre por estragar.

Os alunos sentiram-lhe a falta.
A nossa "amiga" osga não chegou a andar por ali tempo suficiente para lhe arranjarmos um nome.

Tudo por culpa da D. Adelaide!


E como o saber não ocupa lugar, aqui ficam umas informações  acerca deste bichinho simpático:

Nome científico - Tarentola mauritanica
Comprimento - 15 cm
Cabeça-corpo - 8,5 cm
Longevidade - Cerca de 8 anos em cativeiro
Distribuição - Em Portugal está presente em quase todo o território
Estatuto - Espécie não ameaçada

Informações e foto retiradas da net, de Paisagem Protegida  Da Albufeira Do Azibo, Macedo de Cavaleiros
                                                                                 

Ser e Ter - parte 7


                                                                               

domingo, 28 de agosto de 2011

Joan Baez - Forever young


Não temos a possibilidade de escolher como vamos morrer.
Nem quando.
Só podemos decidir como vamos viver.
Agora.

Joan Baez

Condição do homem

"Condição do homem: inconstância, tédio, inquietação."

                                                                            Pascal

"Tédio - Nada é tão insuportável ao homem como estar em pleno repouso, sem paixões, sem trabalho, sem diversão, sem aplicação. É então que sente o seu nada, o seu abandono, a sua insuficiência, a sua dependência, a sua impotência, o seu vazio. Imediatamente sairá do fundo da alma o tédio, o negrume, a tristeza, o desgosto, a irritação o desespero."

                                                                            Pascal


( da net)
                                                                              

Ser e Ter - parte 6

sábado, 27 de agosto de 2011

Cecília Meireles - Motivo

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.



Estrela do dia, Frida Kahlo
                                                                               
                                                                                  

Ser e ter - parte 5

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Desiderata - na voz de Ruy de Carvalho

Desiderata de Max Ehrmann



A versão que tenho, cujo texto é um pouco diferente da apresentada no video, foi retirada do livro Desiderata, Sabedoria de Vida, arteplural edições

Caminha placidamente por entre o ruído e a pressa, e lembra-te da paz que existe no silêncio. Tenta na medida do possível estar de bem com todos. Exprime a tua verdade com tranquilidade e clareza. Escuta quem te rodeia, inclusive as pessoas desinteressantes e incultas; também elas têm uma história para contar. Evita gente conflituosa e agressiva, que tanto mal faz ao espírito. Se te comparares com os outros, poderás tornar-te amargo ou arrogante, pois haverá sempre alguém melhor e pior do que tu. Regozija-te com as tuas conquistas e os teus projectos. Mantém vivo o interesse pela tua carreira,  por mais humilde que seja; é um verdadeiro bem, nesta época de constante mudança. Sê prudente nos teus negócios - o mundo está cheio de armadilhas. Mas não feches os olhos à virtude que existe em teu redor, nem às pessoas que defendem os seus ideais e lutam por valores mais altos - a vida está cheia de heroísmo. Sê tu próprio. Acima de tudo, não sejas falso, nem ciníco em relação ao amor que, face a tanta aridez e desencanto, se mantém perene como uma haste de erva. Aceita com serenidade a passagem do tempo, sabendo deixar graciosamente para trás as coisas da juventude. Cultiva a força de espírito, para te protegeres de azares inesperados. Mas não te atormentes a imaginar o pior. Muitos medos nascem do cansaço e da solidão. Mantém uma autodisciplina saudável, mas sê benevolente contigo mesmo. És um filho do Universo, como as árvores e as estrelas; tens todo o direito ao teu lugar no mundo. Poderá não ser claro para ti, mas a verdade é que o Universo está a evoluir como previsto. É importante, assim que estejas em paz com Deus, seja qual for a tua concepção d'Ele, e em paz com a tua alma, sejam quais forem os teus anseios e aspirações no ruidoso tumulto da vida. Apesar de todos os enganos, dificuldades e desilusões, vivemos num mundo bonito. Alegra-te. Luta pela tua felicidade.
                                                                             

Ser e ter - parte 4

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Camilo Castelo Branco - Os amigos

Os amigos

Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

- Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver...
Que cento e nove impávidos marotos!


Camilo Castelo Branco

                           Renoir                                                                                
                                                                                   

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

María Victoria Atencia - O Amor

O Amor

   Quando tudo se acalma no silêncio, eu volto
à beira deste berço em que meu filho dorme
com os olhos tão fechados que quase não poderia
penetrar no seu sono a moeda de um anjo.

   Deixados ao abrigo da sua ternura surgem
pela colcha em desordem, muito perto das mãos,
os brinquedos que teve todo o dia consigo,
ensaiando um afecto a que já sou estranha.

   Quem a mim esteve unido qual carne em minha carne,
um pouco mais se afasta cada instante que vive;
mas essa é a minha mágoa e meu júbilo simultâneos,
porque se fecha o círculo e o caminho ao amor.


Retirado de Antologia Poética, María Victoria Atencia, pág.23
Assírio & Alvim

Mãe e filho, Gustave Klimt


El Amor

   Cuando todo se aquieta en el silencio, vuelvo
al borde de la cuna en que mi niño duerme
con ojos tan cerrados que apenas si podría
entrar hasta su sueño la moneda de un ángel.

   Dejados al abrigo de su ternura asoman
por la colcha en desorden, muy cerca de las manos,
los juguetes que tuvo junto a sí todo el día,
ensayando un afecto al que ya soy extraña.

   Quien a mi estuvo unido como carne en mi carne,
un poco más se aparta cada instante que vive;
pero esa es mi tristeza y mi alegría a un tiempo,
porque se cierra el círculo y él camina al amor.

(pág.22)
                                                                                                     

Ser e ter - parte 3

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Jorge Luís Borges

Ausência

Eu haverei de erguer a vasta vida
que ainda é o teu espelho:
cada manhã hei-de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
quantos lugares se tornaram vãos
e sem sentido, iguais
a luzes acesas de dia.
Tardes que te abrigaram a imagem,
música em que sempre me esperavas,
palavras desse tempo,
terei de as destruir com as minhas mãos.
Em que ribanceira esconderei a alma
pra que não veja a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e sem piedade?
A tua ausência cerca-me
como a corda à garganta.
O mar ao que se afunda.


Retirado de Jorge Luís Borges, Obras Completas I, pág.39
Círculo de Leitores

                                                                            
(da net)
                                                                                                                                                       

Ser e ter - parte 2



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Ser e ter - parte 1

Um belíssimo documentário que mostra o dia-a-dia de uma escola francesa e as relações entre professor/alunos e alunos/alunos, numa zona rural onde na mesma sala se encontram crianças de diferentes níveis e nacionalidades, uma vez que a mobilidade laboral é uma realidade da localidade. Os alunos têm idades compreendidas entre os quatro e doze anos.
O filme é de 2002, de Nicholas Philibert e tem a duração de 104 min.
Acompanha um ano lectivo e passa-se nos anos 90.
Um filme duma grande humanidade, um professor que leva até aos seus alunos não só os conhecimentos escolares, mas também os valores de partilha e relacionamento com o outro.
O professor (actor) é George Lopez.
Vi este documentário em 2003 ou 2004.



                                                                                 

Jorge Luís Borges

O regresso

No fim dos anos do desterro
voltei à casa da minha infância
e contudo é-me estranho o seu espaço.
As minhas mãos tocaram nas árvores
como quem acarinha alguém que dorme
e repeti velhos caminhos
como se recuperasse um verso esquecido
e vi na tarde cada vez mais límpida
a frágil lua nova
abandonada ao amparo sombrio
da palmeira e das suas altas folhas,
como o pássaro ao ninho.
Que multidão de céus
abarcará o pátio entre os seus muros,
que poemas heróicos
militarão no abismo da rua
e quantas quebradiças luas novas
infundirão ternura a este jardim
antes que a casa volte a conhecer-me
e seja outra vez um hábito!


Retirado de Jorge Luís Borges, Obras Completas I , pág.34
Círculo de Leitores

                                                                                                                                                         

domingo, 21 de agosto de 2011

Rui Polónio Sampaio

Gosto da poesia de Rui Polónio Sampaio.
Um poeta que descobri no blogue Sobre o Risco.

Antena

Sintonizo o coração na tua onda
Poesia
Foram-se os ruídos impuros e profanos
e ficou a melodia
da tua voz sagrada
E fado estrela ou maldição
sei que não tenho coração
para mais nada

Poemas, Rui Polónio Sampaio, pág.9


Contra Tyrannos

Mandei aos tiranos uma carta anónima
Disse-lhes que nas masmorras apodrecem homens
com os braços amarrados e a carne mártir
mas que nos jardins as rosas
crescem lúdicas e livres

Os tiranos então cheios de medo
mandaram arrancar as rosas subversivas

Poemas, Rui Polónio Sampaio, pág.17


                                 Jarra com rosas, Van Gogh
                              
                                                                                   

sábado, 20 de agosto de 2011

O poder das palavras

As palavras que usamos e a forma como as dizemos, fazem a diferença...

tímidas
seguras
alegres
zangadas
risonhas
maldosas
afáveis
tranquilas
amigas
carinhosas
secas
poderosas
envergonhadas
cansadas
amargas
magoadas
falsas
desprezíveis
sinceras
caridosas
vis
manhosas
malcriadas
mesquinhas
amáveis
compreensivas
cautelosas
trocistas
amorosas
...

O poder das palavras...

                                                                            

"As palavras

     O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um."(pág.175)



"O valor das palavras

     Há palavras que fazem bater mais depressa o coração - todas as palavras - umas mais do que outras, qualquer mais do que todas. Conforme os lugares e as posições das palavras. Segundo o lado de onde se ouvem - do lado do Sol ou do lado onde não dá o Sol.
     Cada palavra é um pedaço do universo. Um pedaço que faz falta ao universo. Todas as palavras juntas formam o Universo.
     As palavras querem estar nos seus lugares!"(pág.176)


As duas citações foram retiradas de Obra Completa, José de Almada Negreiros, págs.175 e 176
Editora Nova Aguilar

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Allanis Morissette/Pablo Neruda

Ainda e sempre a Utopia



Faremos pão

Do mar e da terra
faremos pão,
plantaremos de trigo
a terra e os planetas.
O pão de cada boca,
de cada homem,
em cada dia
chegará, porque fomos
semeá-lo
e fazê-lo,
não para um homem, mas
para todos.
O pão, o pão
para todos os povos,
e com ele o que possui
forma e sabor de pão
repartiremos:
a terra,
a beleza,
o amor,
 tudo isso
tem sabor de pão,
forma de pão,
germinação de farinha.
Tudo
nasceu para ser partilhado,
para ser entregue,
para se multiplicar.


Pablo Neruda
retirado de Um Mundo de Crianças, pág.77
Uma publicação da Unicef


Poema de Han-Shan

A vida humana situa-se na agitação da poeira
Exactamente como um insecto no meio de uma bacia

O dia todo avança girando girando
Não sai do meio da bacia

Os imortais não podem ter
Preocupações planos sem fim

Anos meses são como água que corre:
De repente está-se velho


Retirado de O vagabundo do Dharma
25 poemas de Han-Shan, pág.58,
cavalo de ferro

                                    (da net)                                   

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Natalia Juskiewicz - um violino no fado

Um violino que chora
a saudade
e o amor ausente

Quem não sente
o seu chorar...

                                                                            

Marcadores de Livros

Gosto muito de marcadores de livros.
Ontem uma amiga ofereceu-me um para juntar às várias centenas que tenho.
Colecciono-os há anos.

                               Com um bonito bordado de Castelo Branco

                                          A minha preciosa colecção
                                                                                          
O mais antigo. Davam-os na Gulbenkian, quando eu era garota e ía à biblioteca.

                                                    Os 4 preferidos

                                                   Alguns que fiz                                         
                                                                                                                                                                                                                                         

Centro Cultural de Cascais (IV)

Finalmente
Cerâmicas e Desenhos, de Teresa Cortez, a última das exposições no CCC
Até 28 de Agosto de 2011






"(...) Projecta Teresa Cortez, nas suas obras agora expostas no Centro Cultural de Cascais, o apelo das memórias da infância e da adolescência e o conhecimento do real e do concreto da experiência humana. Busca na arte o desejo de transformação do mundo. Faz da arte um instrumento de liberdade e libertação."

(retirado do folheto da exposição)
                                                                                                                                                            

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Centro Cultural de Cascais (III)

Ainda no CCC a exposição:

George Grosz, Sob o Signo da Denúncia



                                                                       
"Uma mostra de litografias e aguarelas de George Grosz (...) proporciona uma imagem pungente do estado de espírito reinante na Alemanha do pós-guerra 1914-18, período em que o declínio germânico deu aso ao auto-flagelamento colectivo e, especialmente entre os artistas, a um clima intelectual favorável à ausência de auto-estima e ao avolumar da descrença nos valores que enformavam  a República de Weimar.

Sublinhada pelas palavras do próprio Grosz - Os meus desenhos exprimiam desespero, ódio e desilusão: Eu tinha um desprezo total pela sociedade em geral (...) "

(retirado do folheto da exposição)







                                                     (da net)

                                                          (da net)

                                                       (da net)

                                                     (da net)

A exposição estará patente ao público até 11 de Setembro de 2011                                                                               

Maria Callas


A voz maravilhosa, divina, de Maria Callas


                                                                           

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Centro Cultural de Cascais (II)

Há Males Que Vêm Por Bem de Isabelle Faria é outra das exposições que pode ver-se no CCC até dia 18 de Setembro de 2011.



"A intrigante e persistente problemática do pecado encontra na obra de Isabelle Faria formas de interpretação a partir de perspectivas muito pessoais que funcionam como crivo crítico num processo em constante revisão.

A escala de valores que nos orienta a vida, pautada pelo eterno dilema do Bem e do Mal, inclui igualmente a questionação desses mesmos valores porquanto a sua assunção violenta se prestou aos mais variados arquétipos e às mais controversas lógicas existenciais."

"Os Pecados Capitais - do latim Caput (cabeça), assim designados por serem a origem dos outros pecados - como hoje são entendidos, serão: A Vaidade, A Inveja, A Ira, A Preguiça, A Cobiça, A Gula, A Luxúria.

Todos eles femininos fertéis."








(...) Isabelle Faria inaugurou, em 2006, um ciclo de trabalhos tendo como ambicioso ponto de partida precisamente os Sete Pecados Capitais. Tem avançado ao ritmo de um pecado por ano. Este ano é o ano da Cobiça. (...)"










 (todas as citações foram retiradas do catálogo da exposição)


                                                                                                                                                                                                                                          

Uma desgarrada

Gosto de fado.
Mandaram-me este video por mail. Aqui fica.


                                                                              

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Centro Cultural de Cascais (I)

                                                                            


No Centro Cultural de Cascais pode ver-se a exposição/instalação Cartas de Amor e Saudade de Manuel Botelho

"O artista Manuel Botelho procura reconstituir, através de uma instalação que privilegia a importância das cartas de amor no contexto da Guerra Colonial, algo dessa época já distante dos anos 60/70 do século passado. Tempo em que a juventude portuguesa se viu duramente mergulhada na circunstância histórica que o destino lhe reservou."

"Na reconstituição de Manuel de Botelho paira o anátema pessoano de que todas as cartas de amor são ridículas, e talvez "banais" as que escolheu para ilustrar a sua instalação. Afirmam-se todavia como testemunhos autênticos de uma crise política e de identidade cuja importância documental espelha os sacríficios que então foram exigidos à juventude portuguesa."

(retirado do catálogo da exposição)


A sala onde se podem ouvir as cartas de amor, como se de um programa radiofónico se tratasse.







"Meu amor
Mais um dia se passou sem que o meu amor estivesse ao pé de mim e a saudade por ti aumentou. Hoje estou cansada e com uma grande neura, e desculpa mas não posso conter mais as lágrimas.
Ultimamente toda a gente me acha mais magra e menos alegre, não é que eu coma menos, mas as saudades não me deixam engordar. Sem ti, meu amor, tudo parece vazio e sem significado. (...) "
(retirado do catálogo da exposição).


Será que hoje ainda alguém escreve (assim) cartas de amor?

(A exposição estará patente ao público até 28 de Agosto de 2011)                           

De pequenino se torce o pepino

Uma futura leitora?


                                                                                 
                                                                                 

domingo, 14 de agosto de 2011

Solidão

                                                                                    
Não pertenço a lado nenhum,
porque tenho o coração vazio,
ou
tenho o coração vazio,
porque não pertenço a lado nenhum?



Estudo, 2011, óleo sobre tela, Luís Herberto
Foto tirada na exposição Nós e todos os outros...
Centro Cultural de Cascais

Luís Herberto

Outras obras de Luís Herberto.



                                                                                        









 As fotos foram tiradas na exposição Nós e todos os outros...  de Luís Herberto
 Patente ao público no Centro Cultural de Cascais até 25 de Setembro de 2011



 "Temas de sempre("o ciúme furtivo, o pudor dos amantes atraiçoados", como o próprio artista refere) transferidos para quadros de grandes dimensões nos quais os tiques existenciais ampliam a conflitualidade e o drama no universo convocado, exprimem a arte de um pintor..." 

  "Questionado sobre o seu trabalho, o artista refere que indicou aos modelos que traduzissem o ciúme e o desamor na sua pose. Os cenários foram escolhidos pela ausência de qualidades: espaços fechados, pintados de cores neutras, como quartos de hotel ou interiores de atelier. Esta neutralidade é voluntária: Luís Herberto envolve-nos numa rede de divisórias e biombos, de câmaras, cubículos e salas que nos força a interpretar a figura que nela se destaca. Ou, dito de outra forma, a olhar e a penetrar através desse olhar no espaço intímo do retratado. Estamos fora de cena, dentro da obscenidade (e a palavra obscenidade tem esta raiz etimológica que indica um estar dentro da sujidade), da decomposição, muito mais do que da exibição dos corpos."

(as citações foram retiradas do catálogo da exposição)