Foi o segundo livro que li de Lya Luft.
Conta a vida com desencanto, através da história de Gisela .
Gisela relata a história da família, que é dominada pela avó alemã, uma mulher autoritária e fria.
As mortes, os segredos, a dura disciplina imposta pela matriarca, as críticas constantes à sua maneira de ser... tudo isto a influencia profundamente.
Ao longo da vida, Gisela vai sentir-se sempre deslocada, como se não pertencesse a lado nenhum. É um sentimento que a habita desde criança e nunca vai abandoná-la.
"Este segundo romance de Lya Luft revela como o orgulho, a hipocrisia e o ressentimento são componentes fatais do universo familiar e social - um tema comum em toda a sua obra, que projecta sempre uma luz sobre os recantos mais obscuros da alma humana." ( retirado da contracapa do livro)
"Nenhum deles, excepto talvez a minha mãe, suspeitava da extensão da minha dor, e do meu medo de nunca vir a pertencer a nada ou a ninguém." - pág.25
"A minha avó fala em alemão, como sempre, e as suas palavras guturais caem sobre a minha alegria, fazem ruir o meu castelo, destroem o momento feliz." - pág.50
"Matei o que amava porque o quis reter comigo e não deixaram." - pág.54
"À noite, insone por causa da solidão e de tantas recordações, escutando os rumores da casa, eu meditava sobre a minha vida.
Uma vida sem interesse: já estava a envelhecer. Tormentos e exílio na infância.(...) Onde era o meu lugar?" - pág.100
Retirado de: a asa esquerda do anjo, Lya Luft, Pergaminho
Ajeitando-se
Paula Rego
Por várias vezes, durante a leitura da história, me lembrei das pinturas da Paula Rego.