sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Inevitável?...


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Que foi feito de nós
Ah Clara nada invejes

todos mais ou menos
ficamos tolerados
e aguardando

receando como tu
o desemprego e a velhice

vendo
crescer
os nossos filhos sem sorrir


antónio reis, poemas quotidianos, pág.24

                                                                                
 
Paysagem - Figura Negra
Amadeo de Souza-Cardoso
 
 

12 comentários:

  1. Ainda bem que já lhe chegou às mãos..:-)
    E espero que aconteça algum prazer da leitura.
    Bom fim-de-semana!

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    1. Fui ao seu blogue certificar-me que foi o APS que o recomendou. Já não estava certa:)

      Chegou ontem. À primeira vista (leitura) parece-me um livro muito triste. Ainda li pouco, mas gosto do que li.

      Também já encomendei "Barranco de Cegos". O meu problema é que compro, compro, mas leio pouco. O meu tempo anda muito desorganizado. Li um pouco mais nas férias, mas agora começam as aulas...

      Muito obrigada pelas sugestões:)
      Um bom fim-de-semana:)

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    2. Eu não aconselharia ninguém a ler Poesia portuguesa sob a perspectiva dicotómica: Tristeza/Alegria. Grande parte da nossa poética é, realmente, melancólica. Repare no "Alma minha gentil, que te partiste..." (Camões), "...E tudo o mais renova, isto é sem cura." (Sá de Miranda), "Chorai arcadas do violoncelo..." (Camilo Pessanha), etc.,etc... Fogem a este pano de fundo, alguns dos nossos poetas satíricos (Tolentino, O'Neill...).
      E, tirando uma boa parte dos poemas de Eugénio de Andrade, que falam da plenitude do amor e de uma alegria solar, a poesia portuguesa poderá ser melancólica (não usaria "tristeza"), mas não deixa de ter beleza e, muita dela, nos acompanhar
      o estado de espírito nas suas próprias e naturais evoluções. António Reis não foge à regra.
      Vai longo o testamento...
      Bom fim-de-semana!

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    3. É a minha ignorância que me faz usar as palavras erradas, mas ao ler os poucos poemas, que ainda li, sinto uma tristeza...como se a vida fosse só assim. Aí, já se percebe que foi escrita (apesar da actualidade que ainda tem) numa época mais dura.
      Mas preciso ler mais.

      Agradeço-lhe imenso o seu comentário, que me obriga a pensar. Muito obrigada.

      :))))

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  2. De facto... um cenário, que parece inevitável, aos olhos de muitos portugueses... com a precariedade laboral, que vai havendo... um cenário, que cada vez se torna mais em paisagem, mesmo!...
    Um poema que não conhecia... e gostei imenso da pintura, que o acompanha...
    Beijinhos, Isabel! Bom fim de semana!
    Ana

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    1. A blogosfera tem isto de bom: vamos aprendendo, com os blogues que valem a pena. Este autor que não conhecia, vi-o no Blogue Arpose. António Reis nasceu em 1927 e estes poemas são de 1957, mas mantêm-se actuais.

      Muito obrigada, Ana. Desejo-lhe também um bom fim-de-semana:)

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  3. A maioria da Poesia ( reporto-me à portuguesa ) é melancólica e, por isso, um tanto triste.
    E a percentagem dos desamores é notória.

    O Amadeo foi uma escolha magnífica, Isabel !
    Lá vai ela triste e só...

    Um beijo muito amigo.

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    1. Pois é...

      Muito obrigada por apreciar a escolha da pintura. Foi um postal que recebi de uma amiga e achei que ficava bem com o poema.

      Beijinhos. Suponho que já está novamente em casa, no seu amado Porto:) Quem sabe, a fazer extraordinárias fotografias dos aviões do Red Bull Air Race!!

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  4. Penso que o poema é realista na perspectiva que apresenta sobre a velhice que aguarda todos nós se, por sorte, lá chegamos. Os velhos têm demasiada falência para poderem ser felizes, mas podem ser velhos serenos e pacificados com a vida. Porque, embora todos digam que é um tempo de viver com mais calma e talvez maior intensidade interior - o que também é verdade - é, sobretudo, o tempo de nos irmos despojando do apego ao mundo; de cultivarmos e fruirmos o possível; porque o possível de hoje pode não o ser amanhã. Nesta última fase de viver, as perdas são irreversíveis. A velhice é ainda vida, mas é também a morte a criar o seu espaço, a fazer-se notar querendo tornar-se natural, digamos; a ser a nossa morte e não a dos outros. Talvez, pela brevidade temporal que lhe subjaz, a vida embeleze.
    Amadeo é o meu génio português na pintura.
    BFS

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    1. Falamos da velhice, sem sabermos o que nos espera.
      Há velhinhos tranquilos e outros cujo desassossego não os deixa ser felizes.

      Gostava de conseguir ser uma velhinha (se lá chegar) em paz com a vida. Não lamentar o que fiz ou o que deixei por fazer. Às vezes penso nisso.

      Enfim, lá chegaremos.

      Gostei muito do seu comentário. Obrigada:)

      Bom fim-de-semana:)

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  5. O poema é bonito, embora, sim, melancólico. A realidade não é igual para todos e há, ainda, velhices felizes!
    beijinho

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    1. A velhice é um tempo difícil...mas acredito que pode haver velhices felizes.

      Gostei muito de ler este poeta.

      Beijinhos:)

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