sábado, 21 de novembro de 2020

Outono na cidade... (2)

Avós

Minha mão tem manchas,
Pintas marrons como ovinhos de codorna.
Crianças acham engraçado
e exibem as suas com alegria,
na certeza - que também já tive -
de que seguirão imunes.
Aproveito e para meu descanso
armo com elas um pequeno circo.
Não temos proteção para o que foi vivido,
insônias, esperas de trem, de notícias,
pessoas que se atrasaram sem aviso,
desgosto pela comida esfriando na mesa posta.
Contra todo artifício, nosso olhar nos revela.
Não perturbe inocentes, pois não há perdas
e, tal qual o novo,
o velho também é mistério.

Adélia Prado
Tudo que existe louvará, Assírio & Alvim,  pág.193






 

11 comentários:

  1. Muito condizentes, fotos e poema. É tudo vida.
    Bom domingo, Isabel.

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    1. Ambas no Outono.

      Obrigada, e desejo-lhe também um bom domingo.
      Beijinhos:))

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  2. Belo poema e lindas fotos.
    Boa semana!

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    1. Obrigada:))
      Ultimamente voltei a andar com a máquina fotográfica na carteira. As fotos do tele, não as sei passar para o computador e muitas acabo por apagar, porque me enchem o cartão.

      Prefiro a minha velha máquina.

      Uma boa semana também para a MR:))

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  3. Esses chãos estão muito bonitos, Isabel.
    E a árvore, é um plátano?
    E os lódãos da Av. do Liceu ainda têm folhas?
    Ando há séculos para ir à Bertrand, mas nunca consigo...

    Um dia bom!
    🍂🍁🍂

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  4. Acho que é um plátano, pois essas folhas caídas são dele. NUNCA tinha ouvido o nome lódãos! E Há mais de meio século que passo naquela avenida! Havia uma dessas árvores gigantesca, atrás da casa dos meus pais.

    Estão quase despidas.

    Se vier à Bertrand por estes dias e quiser, telefone-me e encontramo-nos lá. Mas tem que me dizer com antecedência (por causa da minha mãe). Talvez dia 30, que há tolerância de ponto e não vou trabalhar.
    Se quiser...

    Beijinhos:))

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  5. Se soubesse o que eu passei para saber o nome: perguntei a toda a gente, telefonei para a Câmara, perguntei aos jardineiros, e ninguém sabia; um dia, ao ler uma Reconquista antiga, vi numa crónica uma menção ao belo túnel de frescura dos lódãos da Nun'Álvares.
    Nunca mais esqueci! :-)

    Eu não posso combinar nada, Isabel. Tenho um full time job de 365 dias por ano, sem folgas, sem férias, sem pausas... quando saio é sempre a correr para comprar o indispensável, e com o coração apertadinho, pois nunca sei o que vou encontrar à chegada; já encontrei uma inundação...
    Já são muitos anos, Isabel, quase 98.
    E eu nestes quase dois anos envelheci para aí uns vinte, no mínimo, e o covid-19 só veio complicar ainda mais :-(
    Enfim, como dizia o outro: C'est la vie!

    Um dia que vá ao Lidl, quem sabe não passo aí na escola só para dizer um Olá da rua para a janela.

    Beijinhos.
    🌾🍂

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  6. Ok, fico à sua espera!
    Até um dia destes...

    Beijinhos:))

    (98 anos anos, já é uma bonita idade...é preciso calma e paciência...)

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  7. Outono nas vidas e no tempo... uma publicação com todos os elementos muito bem conjugados! Adorei as fotos e o poema que não conhecia... se bem que este Outono, esteja por aqui, nos últimos dias, em modo muito rigoroso!... Dias bem tempestuosos de chuva e vento forte!... :-(
    Beijinhos! Estimando que esteja bem... e sua mãe também!
    Bom fim de semana e bom feriado!
    Ana

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