domingo, 29 de janeiro de 2023

Revolta

 A Revolta é em mim uma cidadania.

Não fui eu que me habituei à dor,

foi a dor que se tornou habitual.


Daniel Faria

7 comentários:

  1. Compreendo, Isabel, também me sinto angustiada e desgostosa com a falta de valorização do meu trabalho e da minha dedicação (como professora). Mas o que mais me choca é a cavalgante e esgotante burocracia (quem se bate com isso? seremos capazes de lhe dizer não?). Acresce o exagerado número de alunos por turma, tenho 24, do 4º ano que vêm comigo desde o 1º, em condições péssimas de trabalho (escola apertadinha, com horários duplos). Enfim, tanto que haveria para me queixar, mas de nada serve, só posso aceitar e tentar ser feliz um bocadinho todos os dias, nem que seja no meio das minhas agulhas. :) Beijinho cheio de força e de coragem, Isabel!

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    1. Olá Lete
      Concordo completamente e sou daquelas, que embora já não ganhe nada com isso (pelo contrário, perco bastante dinheiro) já fiz greve. Há muitos, muitos anos que não fazia.
      Também tenho 24 alunos, com vários níveis diferentes e tenho dias que não consigo chegar a todos. Tenho um computador que funciona em câmara lenta...quando funciona! E muito mais...

      Tenho quase 41 anos de serviço e sinto-me esgotada. Tenho quase 63 anos de idade e trabalhei sempre com turma. Por opção. Porque era o que gostava, mas hoje sinto-me mesmo à beira da exaustão. Sem paciência, porque além dos alunos tomo conta da minha mãe, como muita gente da minha geração, que conheço e ainda tem pai ou mãe. Reformarem-nos com 40 anos de serviço era mais que justo. É cada vez mais um trabalho desgastante e nós (os da minha idade) fizémos anos e anos de quilómetros para aldeias sem condições, em escolas onde muitas vezes nem casa-de-banho havia. As pessoas não têm a noção...e ainda há pouco tempo me perguntavam: "Mas vocês não têm ajudas de custo?"- Deu-me vontade de rir tanta ignorância!
      Faltam-me 3 anos para a reforma, mas não sei se vou resistir! A sério!
      E o que mais me revolta é que nunca meti atestados médicos e agora que preciso, tenho dificuldade em arranjar um atestado médico: parece que estou a pedir para ir de férias...porque exaustão não dá direito a atestado. A minha médica de família é novita, não tem a noção...
      Enfim, no dia em que desmair na escola ou me der um chilique, vou descansar no hospital.
      Haja saúde!

      Beijinhos:))

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  2. E, Daniel Faria sabia do que falava...
    Bom dia!

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  3. Oh, Isabel... que situação... lamento imenso. :(
    É verdade, quando adoeci de Covid, apanhada na escola, em novembro, quase tive que pedir atestado (que apenas me passaram por 3 dias) de joelhos... uma tristeza. Também me dediquei sempre aos meus alunos, nunca faltei para férias e fui (tenho ido) trabalhar muitas vezes doente, mas ninguém nos valoriza, nem reconhece o nosso esforço... :(
    Tenho 30 anos de serviço, muito pouca pachorra para "folclore" e uma desmotivação e cansaço que crescem dia após dia. Creio que não vou chegar aos 41 de serviço, quero mudar de vida muito antes. Pensei abrir um "estaminé" ligado às artes onde pudesse vender lãs e afins e as pecinhas que faço. Ou seja, tenho de ganhar coragem!!! Vou-me aguentando, mas se aos 51 estou de rastos nem consigo imaginar-me daqui a 10 anos! O que me tem valido, além do marido, é a capacidade que tenho de me abstrair do caos, assim que chego a casa e me dedico ao que me deixa mais feliz. Vai um beijinho cheio de força e de coragem para ti e as melhoras da tua mãe. Até breve!

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    1. Se eu fosse mais jovem, também ponderaria deixar o ensino, mas agora já não. Mas nunca pensei chegar a um estado de saturação tão grande. Tenho pena de quem está agora a começar. Se as coisas não melhorarem vão ter anos difíceis pela frente.

      Se fores para a frente com o projecto, desejo-te muita sorte e hei-de comprar-te lãs.
      Beijinhos:))

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  4. Um poema de um autor que não conheço... mas são 3 linhas... que dizem tanto!...
    Entendo o contexto do título, na presente conjuntura laboral, ligada ao ensino... e para mais através do que foi impossível não ler, nos comentários acima, do vosso "diálogo"!
    Mas algo me diz que o governo deve começar em breve a ceder em alguma coisa... estavam não sei quantos milhões destinados à Ucrânia, que foram suspensos, em ajuda bilateral... e entre professores, médicos e enfermeiros, havendo tanta contestação... o Costa finalmente deve ter-se lembrado que são os do próprio país, que comparecem à votação, que lhes garante representação...
    Enfim! Há que ter fé, que em breve, pelo menos alguma coisa mude para melhor...
    Beijinhos! Tudo de bom e saúde para a sua mãe, Isabel! Esta é uma matéria que também a mim me toca... cuidar de quem já cuidou de nós!...
    Ana

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