O Senhor Inspector
Foi o papão de quem eu tive medo
essa ameaça eterna do inspector
que ia chegar a qualquer hora, cedo,
e que mandava mais que o professor.
Trazia-me suspenso, sempre quedo,
a vinda do fantasma aterrador
e se falava dele era em segredo
- não n'o pudesse mesmo assim supor!
Da sala a porta abriu-se um belo dia
e logo devagar na escola entrava
um velho muito urbano que sorria...
Fizeram-lhe os rapazes festa brava
e então, pasmado, eu vi que não batia
o homem que no mestre até mandava!
António Sardinha
Poesia, pág. 65, E-Primatur