domingo, 9 de março de 2025

Que sentido para a vida?

Desde a morte do meu pai há cerca de 19 anos, e mais recentemente da morte da minha mãe, que me apercebi que afinal não ficamos aqui para sempre😊😄😅. Quando somos jovens a vida é eterna, não pensamos na morte. Ela existe lá longe. Pelo menos comigo era assim. Desde a morte do meu pai, tinha eu 43 anos (acho que estou a fazer bem as contas😂🤣😅), passei a encarar a morte de forma diferente, a pensar muito mais no sentido da vida e na tristeza de que tudo acaba. Não tenho medo da morte, mas tenho pena de deixar tantas coisas boas para trás...outras por terminar... tantas pessoas de que gosto e, como muita gente, tenho algum medo da dependência.
Mas não podemos andar sempre a pensar nisso. Há que viver a vida de acordo com aquilo que realmente somos e não presos ao que os outros esperam de nós. E é isso que eu tenho tentado ser/fazer cada vez mais. 
Não se consegue ser completamente livre desde a juventude (creio que poucos ou nenhuns o conseguem) porque temos que assegurar o nosso sustento. E enquanto exercemos uma profissão é necessário  respeitar horários, conviver com pessoas com as quais não temos afinidades, fazer coisas com as quais não concordamos e até engolir alguns sapos. Mas enfim...somos jovens. Com o passar dos anos e alguma segurança financeira, as prioridades começam a mudar, as mazelas começam a aparecer e as ideias acompanham as mudanças. O sentido da vida na juventude era um e o da meia-idade começa a ser outro (já que nem todos podemos ser heróis). Já vivemos muito em função dos outros, agora importa aproveitar o que se aprendeu e viver também e cada vez mais em função do que queremos e do que realmente nos interessa individualmente (ainda que isso seja continuar a viver para os outros- agora diferentes).
É por isso que eu desejo tanto a reforma, desde há alguns anos. Para ser eu mesma e me libertar das amarras inevitáveis dos anos de trabalhadora e viver os anos que me restam a alimentar a alma com as coisas que gosto de fazer, com as pessoas com quem gosto de estar, tranquilamente.




 

20 comentários:

  1. A autenticidade, Isabel, na vida é sempre uma mais valia, mas a morte, por vezes, pode ser uma libertação desejada ou um alívio em direcção ao sossego eterno.
    Em tempo: a reforma nem sempre traz aquilo que julgamos imaginar - depende.
    Boa tarde.

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    1. É verdade que por vezes a morte também pode ser uma libertação. Até porque a velhice não é a mesma coisa para todos porque infelizmente muitas pessoas envelhecem com falta de tudo: saúde, bens materiais apoios...é muito triste.
      Bem, eu espero que a reforma me traga coisas boas. É que estou mesmo numa fase de saturação completa! estou a completar 43 anos de serviço, numa profissão de que gosto, mas que se foi tornando cada vez mais desgastante. Estou mesmo cansada.
      Mas ainda me falta um ano...
      Boa noite:))

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  2. Nunca pensei gostar tanto de estar reformada. Apesar de eu toda a vida ter tido sorte no trabalho, quer no ambiente, quer no que fazia, chega uma altura que é bom não ter horários e aquela loucura de trabalho. Acho que deviam reduzir o horário de trabalho a partir dos 60 anos.
    Boa semana!

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    1. Ainda bem que está a gostar. Conheço mais gente que era viciada no trabalho, mas agora diz o mesmo.
      Eu também sempre gostei da profissão, mas já são muitos anos e estou mesmo cansada. Concordo completamente com a MR. Podiam reduzir o horário de trabalho a partir dos 60, efectivamente. Nós temos redução de 1 hora por dia na componente lectiva, mas temos que estar na escola, o que na prática não é redução nenhuma porque na maior parte dos dias acabamos por fazer o mesmo trabalho.
      Bem, mas já me falta pouco.É o que me vai animando!
      Boa noite:))

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  3. Uma publicação maravilhosa de se ler. Obrigada pela partilha!
    .
    Apenas queria, viver...
    Beijos, e um excelente fim de semana.

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  4. Devemos aproveitar a vida da melhor forma, pois ela é curtíssima.

    Boa semana!

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    Até mais, Emerson Garcia

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    1. É verdade, há que fazer os possíveis por vivê-la bem, de acordo com a nossa verdade.
      Boa semana, para si, Emerson:))

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  5. Como te compreendo, Isabel!
    Desejo-te o melhor. :) Beijinhos

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    1. Obrigada.
      Espero que esteja tudo bem contigo.
      Beijinhos e uma boa semana😊😊😊

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  6. Isabel, só posso desejar que este ano passe rápido e possa concretizar todos os seus desejos.
    Boa semana!🤗

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    1. Obrigada. É um pouco mais de um ano.Completo o tempo para me poder reformar, no início de Maio de 2026.
      Falo muito nisto porque cheguei a um tal ponto de saturação que nem sei explicar. São demasiados anos, sempre a trabalhar com turma e nestes anos todos contam-se pelos dedos duma mão os atestados médicos que meti (por doença verdadeira e não fingida...). Estou mesmo cansada.
      Mas já falta pouco.
      Uma boa semana😊😊😊

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  7. De forma ao mesmo tempo muito pessoal, espontânea e comovente, a Autora deste Blogue falou, ontem, dum tema extremamente delicado, que nos remete para os problemas que sobrecarregam os sistemas educativos, com tudo o que isso significa, em particular no que respeita ao plano, sempre prioritário, da salvaguarda do bem-estar (inclusive, emocional) do(a)s docentes.

    O pendor reivindicativo e ponderado do curioso texto da ISABEL pareceu-me sobretudo reflectir uma justa indignação que a prezada Senhora sente ao aproximar-se de uma nova e decisiva fase da sua construtiva existência.

    De acordo com a minha perspectiva, importa contestar, na prática, as imposições socioprofissionais (e, bem entendido, sociopolíticas) subjacentes à imagem pouco animadora do estado de aposentação inserido no contexto do "modo de produção" característico da sociedade, tão contraditória, onde o individualismo exacerbado facilmente conquista adeptos, mais ou menos fúteis e/ou imbecis...

    Quanto a mim, cada um(a) de nós deve estar suficientemente sensibilizado(a) para as múltiplas expressões da Cidadania activa, ainda quando se encontra face aos primeiros (e, de facto, naturais!) cabelos brancos, às primeiras rugas da testa e ao próprio despertar dorido dos músculos... Apesar de tudo, a "meia-idade" pode ser um período ainda feliz!!!...

    Muito Grato pela (paciente) atenção e Cordialmente.

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  8. A meia-idade, acho, que pode ser realmente um período feliz.
    Obrigada pelo seu comentário, sempre benvindo. Na verdade o nosso sistema educativo precisaria mudar muita coisa. Quem faz as leis (sempre o afirmei) não tem a mínima noção do que se passa nas escolas. Por exemplo: já se pensou bem o que é ter uma turma de 26 alunos de 1ºano, com várias crianças ainda com 5 anos, com alunos estrangeiros e quase de certeza com algum aluno com problemas? A maior parte do tempo o professor, mesmo que tenha algum apoio, está sozinho na turma. 26 alunos! É um pesadelo!
    E mais...e mais...e mais...
    Mas as pessoas não importam: importam os números, os resultados, mesmo que esses resultados não sejam assim tão verdadeiros. Contam as estatísticas.

    Ser professor é uma profissão cada vez mais desgastante.
    E a velhice em Portugal, com as reformas que as pessoas recebem, é o que conhecemos.
    Cada vez que o governo muda alimentamos alguma esperança, mas é sempre o mesmo.
    É uma pena , porque somos um belo país com muitos recursos mal aproveitados.
    Mas há sempre uma esperançazita de que as coisas mudem para melhor...
    Boa noite e obrigada pelo seu comentário.

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  9. Isabel, como te compreendo! Ainda me falta muitos anos para a reforma, só que até lá, tento ser feliz um bocadinho todos os dias e não me desgastar com o que não interessa (falo de burocracia, de reuniões inúteis...). Costumo dizer que os meus dias se repartem entre o céu e o inferno, na escola, estou no inferno, mas ao fim do dia, chego ao paraíso onde sou completamente livre e feliz a fazer o que me deixa muito feliz. Digo em jeito de graça que não posso ficar doente por causa daquilo que não consigo consertar, porque aumentaria a despesa do serviço nacional de saúde, então para manter a minha sanidade mental, "desligo" daquilo que não me ajuda a ser melhor profissional e das pessoas que não me ajudam a sê-lo... tinha tanto, mas tanto para falar!!! Beijinho, coragem, está quase, vamos viver um dia de cada vez, sendo feliz um bocadinho todos os dias!

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  10. Não invejo quem tem poucos anos de serviço, porque é cada vez mais difícil ser professor. A burocracia mata o gosto pela escola e 90% é inútil (estatísticas, relatórios, grelhas disto e daquilo...). Sempre gostei muito de estar na sala de aula com os alunos, de ensinar...mas depois tudo o resto foi-se tornando demasiado pesado no dia-a-dia do professor. Eu continuo a dizer: quem manda não faz ideia do que é uma sala de aula. Depois andam sempre com mudanças, com milhões de projectos, com ideias peregrinas (como foram as provas de 2ºano por computador, quando os alunos ainda mal sabem ler)...as pessoas perdem-se em tantas solicitações.Enfim...Os fazedores de leis cada dia que acordam mudam as regras e a gente TEM que acatar (precisamos ganhar o pão!)

    Ora aí está uma coisa que eu nunca consegui fazer e isso desgastou-me imenso: desligar! trazia os problemas sempre na cabeça. Como resolver as coisas; os papéis que precisa fazer para entregar, os miúdos problemáticos que me davam cabo do sossego na turma...não conseguia desligar. Sempre dei aulas a turmas. Este ano é o primeiro ano que não tenho turma. Dou apoio. É outro mundo!! Este ano venho para casa sem preocupações.
    Mas já tenho 42 anos completos, de serviço com turma!

    Acho que fazes muito bem em desligar e cuidar da tua saúde (mental e física), que se não nos cuidarmos não se aguenta até ao fim da carreira.
    Beijinhos.

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  11. Ainda volto aqui: concordo plenamente com tudo o que dizes e assino por baixo. Ninguém faz ideia do que se passa numa sala de aula, o que me martiriza mais é a falta de respeito, a indisciplina, os alunos conflituosos e ninguém superiormente quer saber. Estou no 32º ano de serviço, com turma, sinto-me no limite das forças e da paciência muitas vezes, mas só na escola... Nem quero pensar no que serei daqui a 10 anos, por isso vou vivendo um dia de cada vez e no paraíso do meu lar. Beijinho, tudo a correr bem!

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    1. Já tens muitos anos de serviço, mas os 10 que te faltam, são os que começam a pesar cada vez mais. Muito sinceramente, acho que deves mesmo pensar em ti, porque é isso: ninguém se importa com as dificuldades que os professores sentem; o que é preciso é números positivos!
      Beijinhos, bom trabalho e força para ir aguentando:))

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  12. Isabel,
    Não me fale na reforma... Reformava-me já amanhã!
    Quem me ler, deve pensar: esta não gosta mesmo do que faz!
    Em boa verdade, gosto muitíssimo e, por gostar tanto, é que gostava de ter mais tempo livre para poder gerir de outra maneira!
    Ter de cumprir um horário e estar à espera de quem possa aparecer por se ter uma porta aberta ao público, leva a que não se possa aproveitar o tempo da melhor maneira!
    Esta "conversa" dava pano para mangas, como se costuma dizer. 😉
    Vamos aproveitando, na medida do possível, não é, Isabel?
    Um beijinho. 😘🌺🍀

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    1. Compreendo-a perfeitamente!
      E eu ando um bocado obcecada com a reforma, porque já são muitos anos de serviço, o cansaço é muito e o ensino está cada vez menos atraente em todos os sentidos.
      Dava pano para mangas, dava!
      Vamo-nos aguentando. Haja saúde!!
      Beijinhos:))🍀

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