Tem mais de cinquenta anos, esta foto, e eu conheci o senhor fotografado.
Tinha uns 12 ou 13 anos quando comecei a passar parte das férias de Verão na aldeia da minha mãe (as melhores férias de sempre, que recordo com saudade).
O Ti António Rei era um senhor com uns 60 anos, que na altura, para os miúdos com a minha idade, era um velhinho do mais velho que há - é como o recordo. Mas recordo também uma pessoa simpática, sorridente e amigo da garotada. Tinha uma loja, na aldeia, onde se vendia de tudo.
Falo mais pela memória do que ouvi contar do que pelo que recordo, dado que apenas o vi algumas (poucas) vezes. Morreu pouco tempo depois de eu ter começado a passar as férias na aldeia.
E a Burra...a Burra teria muitas histórias para contar!
Há quase 60 anos, a aldeia ainda não tinha a estrada que tem agora, apenas um caminho rudimentar, onde só chegava um carro de vez em quando. A burra era um dos poucos meios de transporte. Conta um primo meu , que uma vez, tinha ele uns seis anos e ainda vivia na aldeia, foi com dois miúdos mais velhos (um deles filho do Ti António Rei) fazer um recado, uma entrega de bens a outra aldeia próxima. Foram na Burra. Mas ele foi sem autorização da mãe. Pensava que era ir e vir num
instantinho. Chegados lá, a pessoa a quem iam entregar esses bens, não estava em casa, andava para as hortas e tiveram que esperar. Nesta espera e regresso, acabou por escurecer e quando chegaram a casa era noite. A mãe do meu primo, que o procurou todo o dia, acabou por saber que ele tinha ido com os outros miúdos. Mas ficou tão zangada, que quando o apanhou, à chegada, lhe deu umas valentes palmadas, que (contam os dois) ainda hoje lhes doem. Um porque as apanhou e o outro porque as deu!
Tudo culpa da Burra, que fazia poucos quilómetros por hora!
São destas histórias verdadeiras e reais, cheias de graça, que fazem falta, por esses "andurriais abaixo" que se repetem em tantos blogues balofos, que pululam por aí...
ResponderEliminarSimpáticos, também, o senhor e o burrico, que trazem a pátina necessária do tempo à sua história, Isabel.
Um resto bom de tarde!
Muito obrigada, APS.
EliminarFico contente que tenha achado graça à história.
Desejo-lhe uma boa semana:)
O presente é feito de momentos passados, como esta história que nos contas, Isabel.
ResponderEliminarUm beijo amigo.
É verdade, e há momentos que contados agora, depois de alguns anos, são vistos com outros olhos e têm graça.
EliminarBeijinhos e uma boa semana:)
A preocupação da mãe!! Compreendo como nem um nem outro jamais esqueceu esse dia.
ResponderEliminarÉ verdade. Imagino um pouco a aflição de cada um...
EliminarBoa semana, Catarina:)
O senhor tem um ar tão simpático que se vê logo por detrás do sorriso o garoto que foi (quem sabe, ainda seja).
ResponderEliminarQue foi...já faleceu há uns 40 anos.
EliminarEra uma boa pessoa:)
Boa semana, Bea:)
Outros tempo,outras histórias, e estas são genuinamente inocentes,contudo, as palmadas estavam sempre à mão :)
ResponderEliminarbeijinhos
E eram um meio eficaz! Hoje em dia, alguns miúdos precisavam dumas palmadinhas, para terem educação!
EliminarBeijinhos e uma boa semana, MZ.
Casos como este existiram em muitas aldeias do nosso país! O Sr.tinha um ar muito simpático! Bjs e feliz semana Isabel.
ResponderEliminarJá fui espreitar o seu blogue Sandra, mas já o conhecia, acho que até já tinha por lá deixado algum comentário...
EliminarBeijinhos e boa semana:)
«Mas ele foi sem autorização da mãe. Pensava que era ir e vir num instantinho.» A pensar, diz o ditado... e sem ofensa para o seu primo. :)
ResponderEliminarBoa tarde!
Era um miúdo pequenito, não tinha a noção das distâncias, nem do tempo, pois raramente saiam da aldeia.
EliminarBeijinhos e boa semana, MR:)
Uma ternura de lembrança.
ResponderEliminarNa minha meninice também havia uma leiteira ( a Ti Palmira), montada numa carroça puxada por uma burra. Que pena tenho de não ter uma fotografia! Mas não havia máquinas e os rolos eram tão caros!
Beijinho, Isabel
Quando eu era pequena, creio mesmo que ainda nem andava na escola, também andava uma carroça aqui na cidade e passava na minha rua, e vendia muitas coisas, não me lembro bem. Passava todas as semanas. Mas na minha rua havia uma mercearia, de maneira que lá não faria muito negócio, não sei. A minha rua, que ficava ao lado da que tem hoje o Mercado Municipal, tinha também uma carvoaria, um sapateiro e um marceneiro. Havia muito movimento naquela rua pequena.
EliminarEram figuras típicas, sempre com as suas roupas de trabalho...
Também gostava de ter (hoje) fotos daqueles vizinhos, até porque vivemos na mesma rua muitos anos. Nenhum é vivo.
Recordações...
Beijinhos e uma boa semana a aproveitar as férias:)
Isabel,
ResponderEliminarDeliciosas e preciosas estas histórias e vivências do quotidiano passado...
E, no final, a culpa é da Burra!
Gostei imenso de ler.
Um beijinho.:)
Ah! Ah! Ah! Pois é! Coitadinha da Burra!
EliminarÀs vezes oiço histórias tão engraçadas lá da aldeia! Mas todas as aldeias têm imensas histórias giras para contar!
Beijinhos e uma boa semana:)
Pelos vistos andamos em maré de recordações... Ainda bem que vim aqui e encontrei o blog de novo "a mexer". É o que se pode dizer "O passado aqui tão perto". Também costumava passar férias numa aldeia entre Penacova e Luso, das quais tenho memórias felizes. Fazem falta às crianças nos dias de hoje.
ResponderEliminarTambém acho, M.
EliminarPor acaso, na aldeia da minha mãe, que é muito pequena, as pessoas (que têm muito amor às suas origens) continuam a ir lá passar férias e no Verão tem muitas crianças, que gostam verdadeiramente daquilo. Isso é muito bom!
Beijinhos e gostei muito de te ver aqui.
Uma boa semana:)
Coitada da bichinha!... Que vivia com o peso da responsabilidade... de levar meio mundo às costas... :-D
ResponderEliminarAdorei estas lembranças... fizeram-me lembrar as minhas férias da juventude em casa da minha avó... numa aldeia... onde antigamente... havia assim táxis de duas orelhas compridas... :-D
Beijinhos, Isabel! Feliz semana!
Ana
Ah!Ah!Ah!
EliminarE levava, literalmente! Lá iam os miúdos todos em cima da Burra!
Pois é, eram os táxis da altura, pelo menos os que estavam mais à mão. E nem desses havia muitos, pois a minha mãe conta que só lá haviam três (creio...)
Beijinhos e uma boa semana:)
Gosto desta história e da fotografia do " sufrido" animal que fazia de tudo, mesmo de taxi..
ResponderEliminarFelizes dias!
Mª Luisa
Olá Mª Luísa
Eliminarmuito obrigada pela sua simpática visita. Já fui espreitar o seu blogue e tem uma fantástica colecção de marcadores!
Beijinhos e boa semana:)
gostei muito!!!!! alias teu blog e muito bom, e inteligente!!!!
ResponderEliminarObrigada Myra, é muito generosa com as suas palavras:)
ResponderEliminarUm beijinho e desejo-lhe um bom fim-de-semana:)