quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Pequenas recompensas

 Tenho 41 anos de serviço, sempre a trabalhar com turma, com milhares de quilómetros  de estrada (ou caminho-de-ferro) feitos e uma vida de trabalho praticamente sem nenhum atestado médico. Quando os precisei, à beira do esgotamento (ou depressão) para descansar da exaustão pelo trabalho escolar e por ser cuidadora de uma pessoa idosa, a minha médica de família não mos quis passar. Parecia que estava a pedir para ir de férias. No momento em que mais precisei de um médico (de família), falhou-me! Senti-me profundamente injustiçada!

Este ano lectivo pedi para ficar a dar apoio pedagógico, por ser um trabalho menos desgastante e com menos responsabilidade. Não me deixaram! Senti-me injustiçada!

Pronto! Não havendo nada a fazer, fiquei com a turma. Tenho 63 anos, estou no 42º ano de serviço e tenho um grupo de 24 alunos, com os problemas de uma turma que tem alunos imigrantes (além da portuguesa há mais três nacionalidades) e alunos com dificuldades de aprendizagem. Chego ao fim da semana de rastos! 

Conto ansiosamente, por ordem decrescente, os dias que me faltam para pedir a reforma. Espero lá chegar...

Enfim! Isto foi um desabafo!

O que me vale, é que apesar do enorme cansaço, gosto de ser  professora e gosto dos meus alunos. Ensino, converso, oiço, brinco, canso-me, zango-me, aprendo, explico, aconselho, escrevo, desenho, jogo, canto, ralho, ralho, ralho... mas os dias apesar de tudo, são bons. Preferia já está reformada? Claro!!! Mas, já que tenho que lá andar mais algum tempo, faço o melhor que posso (e o que a idade e o desgaste, de tantos anos de profissão, me permitem).

E depois, há pequenas recompensas...

Como este simpático recado, que sendo coisa pouca, revela muito, porque é genuíno. 

                                                                              


(Eu adoro a minha professora porque eu gosto dos vestidos dela, e gosto dos colares dela eu adoro a minha professora!

Eu adoro a minha professora! 
Eu adoro a Isabel!)



Gostaste professora?...

Então não havia de gostar?!!...


15 comentários:

  1. É realmente incrível não lhe terem passado atestado nem facilitado nada - não se percebe. Dito isso, gostei muito do desenho que recebeu. Bom dia!

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    1. Há dois anos (ano lectivo 21/22) acabei por conseguir um atestado médico. Estava à beira da exaustão, mesmo. Mas foi muito difícil consegui-lo. Parecia mesmo que estava a pedir para ir de férias. E não foi a médica de família que mo passou. A minha revolta foi pelo facto de praticamente nunca ter metido atestados, só um ou dois dias muito esporadicamente e quando precisei tive uma dificuldade enorme em conseguir que me passassem um atestado. No ano passado(ano lectivo 22/23) nem sequer pedi nada. Arrastei-me com dificuldade até ao final do ano. Foi um ano muito difícil, com a minha mãe dependente e com a morte dela em Maio.
      Agora, espero nunca mais precisar, mas senti-me realmente muito injustiçada.
      Beijinhos e um bom fim-de-semana.

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  2. Uma das medidas que devia ser tomada era a redução do horário de trabalho para todos os trabalhadores a partir dos 60 anos.
    🤣🤣🤣 para o desenho.
    Bom dia!

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  3. No 1ºciclo temos dispensa de 5 horas da componente lectiva, a partir dos 60 anos. Mas temos que estar na escola a dar apoio educativo ou fazer trabalho para a turma. Temos uma hora por dia. Eu aproveito essa hora, principalmente para corrigir os trabalhos de casa, fichas dos alunos, elaborar algumas fichas...
    Nos outros ciclos não sei bem como é.
    O desenho é engraçado.😊😊😊
    Beijinhos e desejo-lhe um bom fim-de-semana:))

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    1. Ter uma dispensa que implica que o trabalhador esteja a trabalhar não é nenhuma redução de horário.
      Bom fim de semana!

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    2. E mesmo assim, é quase um favor que nos fazem. Há dois anos pedi pela primeira vez essa dispensa. Mas cheguei a Fevereiro e como a colega que dava essas horas (são as aulas de expressões) se reformou e não foi substituída, eu perdi o direito às cinco horas e tive que voltar a dar essas aulas à turma.
      Mesmo ficando na escola( a maior parte das vezes a corrigir trabalhos) dá muito jeito e faz muita diferença no cansaço. Uma hora por dia sem alunos é muito bom.
      Bom domingo.

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  4. ¡Ay, Isabel, seguro que este regalo tan tan especial te ha aligerado la carga de tantos años trabajados con alumnado que nos absorbe tanta energía día tras días! Después de todos los sinsabores de esta profesión, detalles como este (y otros que no son tangibles) nos recuerdan por qué elegimos este camino y por qué seguimos adelante a pesar de muchas cosas.

    Apertas desde Galicia.

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    1. É verdade, que já me reformava de boa vontade e estou muito cansada, mas não trocava a profissão por nenhuma outra e valeu a pena. Gosto muito de estar na sala de aula com os alunos, embora cada ano seja mais difícil.
      Já só me falta pouco mais de dois anos.
      Beijinhos:))

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  5. Entre o Mau existe sempre algo de bom, não é mesmo?
    .
    Feliz fim de semana.
    .

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    1. E eu procuro sempre o lado positivo das coisas.
      Tristezas não pagam dívidas!
      Bom domingo:))

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  6. Mimos e elogios como este, resgatam os dias e enchem o coração de amor e felicidade!
    Gostar dos professores é meio caminho para o sucesso!
    Parabéns, senhora professora! E, não desista de dar o seu melhor, pois será sempre recompensada! 😉
    Um beijinho! 😘🌼

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    1. 😊😊😊😊😊
      Beijinhos e um bom fim-de-semana:))

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  7. Se arranjar um médico particular, com convenção para a ADSE, que lhe dê assistência médica com alguma regularidade, haverá mais facilidade, na obtenção de tais atestados, creio eu. Os médicos de família no Centro de Saúde... não se empenham tanto em fazer os relatórios necessários... devem estar assoberbados de trabalho... os que ainda existam. Aqui o Jorge já não tem médico, há 12 anos, e nós vamos fazer 3 anos sem médico de família! Só tenho ido ao Centro, fazer os pensos das pernas da minha mãe, quando estão numa fase problemática por causa da dermatite... e em caso de urgência... com a minha mãe... nem sei onde a levar! Tanto Loures, quanto Santa Maria em Lisboa, aparecem todos os dias quase, agora, nos noticiários a dizer que não têm como atender urgências...
    Felizmente ainda vai havendo, estas amorosas compensações para tanta contrariedade! Mas estou convencida que só com médico particular, os relatórios sejam mais fáceis de obter, para qualquer atestado! E mesmo assim, os particulares... às vezes também andam passados do juízo com imenso trabalho! Na penúltima consulta a que fui buscar medicação para a minha mãe, a médica também estava pelos cabelos, com imensos atendimentos...
    É a saúde que temos... mas se a extrema direita chegar ao poder... teremos de vender tudo e mais alguma coisa, para pagar tratamentos, que é como se faz na América, com tudo privatizado, quando alguém tem problemas de saúde...
    Beijinhos, Isabel! Saúde, para vocês, e estimando que o resto de Novembro, se apresente pouco problemático, e menos saturante!
    Ana

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  8. Foi uma fase muito difícil, mas agora (infelizmente) espero já não precisar de mais atestados médicos, pois a minha mãe faleceu em Maio. Eu precisava-os porque andava exausta, com o trabalho na escola, a casa e a cuidar da minha mãe. Quem me dera ainda continuar tê-la cá, mas infelizmente já não tenho e assim já não preciso (espero!) de mais atestados médicos. Mas a minha médica de família não teve um pingo de compreensão.
    Enfim...
    Saúde para si e para a sua mãe. Que a tenha consigo por muitos anos.
    Beijinhos:))

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    1. Lamento profundamente, a perda da sua mãe, Isabel! Só há dias me apercebi, por esta sua resposta, que já havia partido! Deve ter sido uma fase muito complicada! A minha por enquanto, está mais ou menos boazita, mas assim mesmo, deixa-me a cabeça em água, e prega-me grandes sustos... e depois tem um feitio demasiado rebelde, para qualquer coisa que se lhe diga, com uma teimosiazinha levada da breca!
      Agora vai entrar em fase de maior hibernia caseira, por causa das insuficiências respiratórias e cardíacas, não arrisco muitas saídas com ela! Por estes lados, não há médicos de família, e as urgências do Hospital mais próximo, são noticia de telejornal diariamente, por falharem quase dia sim, dia sim... ou nem sequer aceitarem mais ninguém, em certo dia...
      Um beijinho grande! Votos de um Natal o melhor possível, com saúde e tranquilidade! Tudo de bom!
      Ana

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