Eu haverei de erguer a vasta vida
que ainda é o teu espelho:
cada manhã hei-de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
quantos lugares se tornaram vãos
e sem sentido, iguais
a luzes acesas de dia.
Tardes que te abrigaram a imagem,
música em que sempre me esperavas,
palavras desse tempo,
terei de as destruir com as minhas mãos.
Em que ribanceira esconderei a alma
pra que não veja a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e sem piedade?
A tua ausência cerca-me
como a corda à garganta.
O mar ao que se afunda.
Retirado de Jorge Luís Borges, Obras Completas I, pág.39
Círculo de Leitores
(da net)
gosto muito Belinha,
ResponderEliminarRita.
Ainda bem Ritinha.
ResponderEliminarEstá bem... também te empresto!!
Beijinhos
Compreendo-te perfeitamente, mas tu sabes que a poesia traduzida sempre perde.E vou-te dizer um segredo: adoro a língua espanhola, há coisas impossíveis de traduzir sem que percam muito (igual que em português, claro)
ResponderEliminarDeixo-te uns pensamentos de Borges que conheces de certeza, mas que quero dedicar-te esta manhã, porque me apetece...
"Con el tiempo uno aprende la sutil diferencia entre sostener una mano o encadenar el alma.
Con el tiempo uno planta su propio jardin y decora su propia alma, en lugar de esperar a que alguien le traiga flores, y uno aprende que realmente puede aguantar, que uno realmente es fuerte, que uno realmente vale, y uno aprende y aprende, y cada dia uno aprende".
(Nueva Antología Personal)
Muito obrigada querida Maria
ResponderEliminarlindo, lindo.
Vou colocar num post, posso não posso?
Amanhã vou colocar uma poesia de María Victoria Atencia( conheces?). Coloquei também o original em espanhol(o livro é uma edição bilingue)pensando em ti.Depois hás-de dizer-me se o último verso está bem traduzido.
Um beijinho
Um poeta admirável. Um poema que toca a alma...
ResponderEliminarConcordo com a Maria sobre a tradução, que na poesia é deveras complexa.
Um beijo
Lindas poesias as duas. Traduzir é sempre difícil, quer dizer impossível, mas alguma coisa fica sempre. Basta que o autor seja profundo... Perde-se é a beleza da poesia em si, as "sfumature" como dizem os italianos (também esta ideia é impossível de traduzir).
ResponderEliminarBeijos às duas...
Boa tarde Lídia
ResponderEliminartêm razão quanto às traduções; eu que só leio português, porque não tenho conhecimentos suficientes para ler bem noutras línguas, às vezes apercebo-me de diferenças.Aí os tradutores também têm muita importância.
Um abraço e obrigada pela visita
Boa tarde Maria João
ResponderEliminar"sfumature" é uma palavra gira. O italiano é uma língua bonita.Tem música.
Também gosto muito destas poesias.
Beijinhos