quarta-feira, 24 de agosto de 2011

María Victoria Atencia - O Amor

O Amor

   Quando tudo se acalma no silêncio, eu volto
à beira deste berço em que meu filho dorme
com os olhos tão fechados que quase não poderia
penetrar no seu sono a moeda de um anjo.

   Deixados ao abrigo da sua ternura surgem
pela colcha em desordem, muito perto das mãos,
os brinquedos que teve todo o dia consigo,
ensaiando um afecto a que já sou estranha.

   Quem a mim esteve unido qual carne em minha carne,
um pouco mais se afasta cada instante que vive;
mas essa é a minha mágoa e meu júbilo simultâneos,
porque se fecha o círculo e o caminho ao amor.


Retirado de Antologia Poética, María Victoria Atencia, pág.23
Assírio & Alvim

Mãe e filho, Gustave Klimt


El Amor

   Cuando todo se aquieta en el silencio, vuelvo
al borde de la cuna en que mi niño duerme
con ojos tan cerrados que apenas si podría
entrar hasta su sueño la moneda de un ángel.

   Dejados al abrigo de su ternura asoman
por la colcha en desorden, muy cerca de las manos,
los juguetes que tuvo junto a sí todo el día,
ensayando un afecto al que ya soy extraña.

   Quien a mi estuvo unido como carne en mi carne,
un poco más se aparta cada instante que vive;
pero esa es mi tristeza y mi alegría a un tiempo,
porque se cierra el círculo y él camina al amor.

(pág.22)
                                                                                                     

6 comentários:

  1. Klimt sem sombra de dúvida é um dos nossos favoritos.

    abraços da cozinha e 5 bjs

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  2. Esta pintura é linda não é?
    Gosto tanto da expressão dos dois.

    Ontem precisamente quando estava a ler a reportagem da Zara, o meu computador avariou.
    Só o trouxe hoje e ainda não me organizei. São tristes e revoltantes todas essas situações.
    5 beijinhos,

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  3. Isabel, achou o documentário? Digo na integra?
    Só tenho em VHS, vou ver se transformamos.

    5 bjs

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  4. Não, o que eu estava a ler era o artigo para o qual o vosso blogue remetia.O documentário não conheço.
    5 beijnhos

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  5. Está perfeito, nas duas línguas.
    Deixo-te dois versos dela de que gosto:

    Levanté con los dedos el cristal de las aguas,
    comtemplé su silencio y me adentré en mí misma.

    (in Llegué cuando una luz muriente declinaba)

    Beijinhos

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  6. Obrigada Maria
    é muito bonito.
    Também gosto da língua espanhola.
    Um beijinho

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