A propósito da recente notícia de que vão fechar 297 escolas do 1º ciclo, ocorre-me contar uma pequena história.
Há cerca de 5 anos trabalhei numa vila do distrito. Nesse ano tinha uma turma onde foram integrados 7 ou 8 alunos vindos de uma aldeia próxima, cuja escola tinha fechado. Supostamente para bem de todos, principalmente dos alunos.
Seria?
Mais tarde a mãe de uma dessas crianças, contou-me que ela e o marido tinham optado por construir casa na aldeia e viajar, ela, todos os dias para a cidade para trabalhar. Ponderaram e concluiram que era o melhor para as duas filhas. Teriam infância e um começo de escolaridade mais tranquilo, na aldeia onde viviam, onde tinham família, onde toda a gente as conhecia, onde andavam em liberdade, onde eram felizes.
A aldeia é bonita, airosa, simpática...um local realmente aprazível para uma criança crescer.
Quando a M., a mais velha das meninas passou para o 2º ano de escolaridade a escola foi encerrada e de certa forma o mundo daquela menina e dos seus colegas deu uma reviravolta de muitos graus e, sei eu que estava lá para ver, não foi para melhor!
Passaram a ter que se levantar muito mais cedo, a ter que andar às voltas de autocarro, a andar "por lá" muitas horas. Passaram a almoçar na cantina.
Há, de certeza, mais confusão, mais stress, menos conforto e menos tranquilidade nas crianças que se deslocam do seu meio habitual para outro que acaba por ser muito mais hostil. A troco de quê?
Parece que o objectivo dos governos são os números, mais que o bem estar das crianças ou o seu sucesso escolar.
Para haver sucesso escolar verdadeiro e não números fictícios, as turmas precisam ter menos alunos, os professores não podem estar tão sobrecarregados com burocracia e tem que haver mais pessoal auxiliar.
Os alunos deveriam entrar para o 1º ano de escolaridade com os 6 anos feitos.
Estatísticas, estatísticas, estatísticas!
Desumanizou-se o ensino. E a Educação é a base de uma sociedade evoluída. Perdem-se referências sólidas, perdem-se valores...
Mas que importa?
Restam sempre os números!
Acredito que algumas destas escolas devam fechar, mas 297?!
É uma tristeza!!!!:(
ResponderEliminarUm silêncio pesado...
Bjs.
Isabel
ResponderEliminarÉ tão verdade e triste o que escreveste...
Revolta-me tanto ouvir nas notícias as constantes alterações/medidas disto e daquilo, supostamente para melhorar o ensino mas que só desumanizam e prejudicam alunos, pais, professores...
Abraço
Bom dia Ana,
ResponderEliminarolá Virgínia, (gosto muito de te ver aqui, obrigada pela visita)
É um bocado revoltante. Será que é mesmo preciso e melhor fechar tanta escola?
Tira-se também a vida das aldeias.
De certeza que o encerramento de algumas é para melhorar, mas não acredito que seja necessário fechar tantas.
As turmas também têm demasiados alunos e a tendência é aumentar.
Enfim...resta-nos esperar por tempos melhores.
Beijos e um bom fim-de-semana
Só nos resta ter esperança de que alguma coisa boa saia de tantos valores em crise.Por desgraça, muitas vezes é preciso tocar fundo para começar a subir e há gente que fica pelo caminho, que paga um preço muito alto para que outros possam chegar a viver melhor.
ResponderEliminarFeliz "fímde", como se diz aqui para abreviar, eu vou sair agora mesmo, na segunda feira escrevo.
Um beijão
É verdade Maria.
ResponderEliminarEntão feliz "fímde".
Até segunda.
Um beijinho
A tua história é bem interessante de ouvir, como a de todos os que falam porque sabem, o tal "saber de experiência feito" de que fala o nosso poeta.
ResponderEliminarO mal é ficarem as terrinhas ainda mais "isoladas", menos "vivas", claro.
Um beijo
Faz pena, porque as aldeias vão "morrendo" cada vez mais e porque as crianças são afastadas do seu meio para outro que nem sempre é o melhor. Acredito que algumas poderiam manter-se, não sei...
ResponderEliminarUm beijinho e obrigada por ter vindo ler.
"Passaram a ter que se levantar muito mais cedo, a ter que andar às voltas de autocarro, a andar "por lá" muitas horas." Este é para mim o principal problema! Ninguem está preocupado se uma criança acorda às 5h30 da manhã!Que violência! Esquecem se que a violência não é só física, não é? Este ano fui professora de dois alunos que faziam perto de 130 km diarios para se deslocar à escola! Fará sentido? Com que vontade estes meninos chegam a casa e pegam nos livros? Será que vale a pena o esforço destas crianças para combater as estatísticas?
ResponderEliminarNão faz sentido Verinha.
ResponderEliminarMuita coisa está mal e passa um governo e outro e as coisas continuam na mesma...
Vamos ver se alguma coisa começa a mudar. Pelo menos resta-nos alguma esperança.
Um beijinho e obrigada pela visita.